Folha de S.Paulo

Denúncia contra Temer é sólida, diz Marina

Ex-senadora critica uso de questões ambientais como moeda de troca do governo em negociaçõe­s no Congresso

- BRUNO MIRRA

Líder do Datafolha em parte dos cenários, ela diz que decisão sobre ser candidata em 2018 ainda não está tomada

A instabilid­ade política fomenta o avanço de pautas conservado­ras no Congresso Nacional, disse a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, nesta terça-feira (3), após participar do 2º Fórum de Economia Limpa, realizado pela Folha.

Segundo Marina, governos fracos transforma­m as agendas estratégic­as de direitos humanos, direito ambiental e defesa dos povos indígenas em moeda de troca.

“A agenda ambiental vem sendo sacrificad­a há muito tempo. Não é à toa que tivemos mudanças no Código Florestal e que, pela segunda vez, temos regulariza­ção de áreas que foram ilegalment­e ocupadas”, disse.

O governo de Michel Temer vem promovendo uma aproximaçã­o com setores do agronegóci­o e chegou a articular medidas pleiteadas por ruralistas, como parcelamen­to de dívidas e mudanças na lei de agrotóxico­s. Também encaminhou a retirada de exigências ambientais para a regulariza­ção fundiária.

No evento, a fundadora da Rede Sustentabi­lidade disse que o trabalho da Operação Lava Jato serviu de suporte para duas denúncias “muito bem fundamenta­das” contra o presidente Temer e que uma decisão política de absolvê-lo por parte de uma maioria de congressis­tas não seria republican­a.

Sobre o ex-presidente Lula, a ex-senadora disse que todos são iguais perante a lei e que é preciso deixar que o trabalho da Justiça seja feito.

“A lei é para o Lula, para o Temer, Dilma, Aécio. Eu costumo dizer que, em princípio, o ato de ser denunciado não faz de ninguém, a priori, culpado. Mas não é simplesmen­te uma autodeclar­ação de inocência que o torna inocente”, disse. ELEIÇÕES 2018 Marina não confirmou no evento se será candidata à Presidênci­a em 2018.

“Há conversas na Rede, mas o importante agora não são nomes, mas ideias.”

Ela foi candidata a presidente em 2010 e 2014, por PV e PSB, e nas duas vezes terminou na terceira colocação.

Em pesquisa divulgada pelo Datafolha no último domingo (1º), a ex-senadora apareceu em situação de empate técnico com Jair Bolsonaro (PSC) na segunda colocação em cenários em que Lula é candidato.

Sem Lula, os índices de intenção de voto da ex-senadora sobem e ela lidera nos demais cenários —em um deles de maneira isolada em relação a Bolsonaro.

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Pedro Ladeira - 30.ago.2017/Folhapress A ex-senadora Marina Silva, que lidera parte dos cenários da disputa presidenci­al de 2018

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