Denúncia contra Temer é sólida, diz Marina
Ex-senadora critica uso de questões ambientais como moeda de troca do governo em negociações no Congresso
Líder do Datafolha em parte dos cenários, ela diz que decisão sobre ser candidata em 2018 ainda não está tomada
A instabilidade política fomenta o avanço de pautas conservadoras no Congresso Nacional, disse a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, nesta terça-feira (3), após participar do 2º Fórum de Economia Limpa, realizado pela Folha.
Segundo Marina, governos fracos transformam as agendas estratégicas de direitos humanos, direito ambiental e defesa dos povos indígenas em moeda de troca.
“A agenda ambiental vem sendo sacrificada há muito tempo. Não é à toa que tivemos mudanças no Código Florestal e que, pela segunda vez, temos regularização de áreas que foram ilegalmente ocupadas”, disse.
O governo de Michel Temer vem promovendo uma aproximação com setores do agronegócio e chegou a articular medidas pleiteadas por ruralistas, como parcelamento de dívidas e mudanças na lei de agrotóxicos. Também encaminhou a retirada de exigências ambientais para a regularização fundiária.
No evento, a fundadora da Rede Sustentabilidade disse que o trabalho da Operação Lava Jato serviu de suporte para duas denúncias “muito bem fundamentadas” contra o presidente Temer e que uma decisão política de absolvê-lo por parte de uma maioria de congressistas não seria republicana.
Sobre o ex-presidente Lula, a ex-senadora disse que todos são iguais perante a lei e que é preciso deixar que o trabalho da Justiça seja feito.
“A lei é para o Lula, para o Temer, Dilma, Aécio. Eu costumo dizer que, em princípio, o ato de ser denunciado não faz de ninguém, a priori, culpado. Mas não é simplesmente uma autodeclaração de inocência que o torna inocente”, disse. ELEIÇÕES 2018 Marina não confirmou no evento se será candidata à Presidência em 2018.
“Há conversas na Rede, mas o importante agora não são nomes, mas ideias.”
Ela foi candidata a presidente em 2010 e 2014, por PV e PSB, e nas duas vezes terminou na terceira colocação.
Em pesquisa divulgada pelo Datafolha no último domingo (1º), a ex-senadora apareceu em situação de empate técnico com Jair Bolsonaro (PSC) na segunda colocação em cenários em que Lula é candidato.
Sem Lula, os índices de intenção de voto da ex-senadora sobem e ela lidera nos demais cenários —em um deles de maneira isolada em relação a Bolsonaro.