Folha de S.Paulo

Casas de tiro em Las Vegas oferecem treinos com fuzis

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DA ENVIADA A LAS VEGAS

O som da primeira rajada de balas me congela por uns segundos. O barulho vem de supetão ao abrir a porta do campo de tiros. As pernas vacilam, o coração dispara.

Estou na Battlefiel­d Vegas, uma das mais de dez casas de tiro de Las Vegas, com mais de 350 armas de vários estilos, como modelos históricos, contemporâ­neos e até personaliz­ados com a Hello Kitty.

A atividade é bastante popular entre turistas e um símbolo da cultura pró-armas de Nevada, onde é possível comprar metralhado­ras automática­s, algo ilegal em outras regiões do país. Foram armas do tipo (ou alteradas pra funcionar assim, disparando inúmeras balas de uma vez), que o atirador usou no massacre de domingo (1º).

Meu instrutor, que pede para não ter seu nome divulgado, comenta que a frequência está um pouco abaixo do normal desde o ataque.

Ele diz que sempre está armado e é muito cuidadoso para nunca deixar alunos apontarem para além do alvo. Comenta que crianças a partir de dez anos são vistas atirando quase que diariament­e.

O local funciona também como uma grande loja de suvenires, com camisetas próarmas, réplicas de fuzis e manequins-alvo de zumbis.

Há vários pacotes, alguns inspirados em videogames, como “Counter Strike”, outros em filmes, como “Platoon” (1986). Também dá para escolher por modelo, e um destaque é a M-134, que pode disparar 4.000 tiros por minuto. Para cem tiros, o preço é de US$ 199 (R$ 627).

Escolho o pacote “Selvagens Cães de Guerra”, inspirado no filme de 1978 que nunca vi. É a opção mais barata (US$ 99). Há três tipos de fuzis antigos automático­s (CZ26, Uzi e Sterling) e 75 balas.

O instrutor dá uma explicação e me passa um “brinquedo” de cada vez. Ao fim, o barulho não assusta mais, nem o cheiro, nem as cápsulas vazias que voam. Enquanto miro no alvo, ele faz vídeos no celular. (FERNANDA EZABELLA)

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