Trump minimiza mortes em Porto Rico após furacão Maria
Presidente compara desastre na ilha a ‘catástrofe real’ do Katrina
Donald Trump foi matemático em sua chegada ontem (3) a Porto Rico, a ilha devastada pela passagem do furacão Maria há duas semanas.
Numa reunião com agentes de governo logo que desembarcou do Air Force One, o presidente americano disse que a situação havia “atrapalhado o orçamento” do país e que “milhões de dólares foram gastos”. Depois comparou o número de mortes no território aos “milhares” vitimados pelo Katrina, que arrasou Louisiana há 12 anos.
Na verdade, 1.833 pessoas morreram em decorrência daquela que Trump chamou de “uma catástrofe real”, comparada ao que interpretou como menos dramático na ilha.
A declaração foi feita horas antes de as autoridades porto-riquenhas anunciarem o aumento do número de mortos de 16 para 34. As autoridades dizem que o saldo pode crescer porque ainda há pessoas desaparecidas.
Nas primeiras horas de sua visita a Porto Rico, que uma congressista já havia apelidado de “seu Katrina”, Trump parece ter acirrado ainda mais os ânimos. Nos dias antes da viagem que, analistas dizem, demorou demais, o presidente vinha trocando farpas com locais no Twitter.
Num dos tuítes, disse que “eles querem que façam tudo por eles”, falando sobre os porto-riquenhos como se fossem cidadãos de outro país.
Em Porto Rico, Trump tentou parecer mais afável. Ele cumprimentou a prefeita de San Juan, Carmen Yulín Cruz Soto, que havia chamado de “política ingrata”, mas não deixou que ninguém crítico a ele falasse no encontro.
Ela manteve a pose, mas criticou o presidente uma hora depois, em entrevista à CNN, apontando uma “falta de sensibilidade” nos comentários de Trump sobre o número de mortes e orçamento e dizendo que ele veio à ilha para um momento de “relações públicas” que não condiz com a realidade.
“Espero que o presidente dos EUA pare de disparar comentários que machucam o povo americano. Disse a ele que isso não é uma questão política. É uma questão de salvar vidas”, disse.
Houve ainda momentos que parecem saídos de um reality show, arena conhecida por ele. Num centro de distribuição de mantimentos, Trump distribuiu lanternas, comida e arremessou rolos de papel higiênico, encarnando um líder de auditório.
Entre selfies com “um pessoal ótimo”, ele dizia que “há muito amor nesta sala”.