Estudo da Fipecafi inocenta irmãos Batistas
No comunicado, os mexicanos reforçaram que estão focados em “segmentos de valor agregado” e que “a Vigor tem marcas amplamente reconhecidas”.
A Itambé, no entanto, também tem um valor estratégico importante para a Lala: sua bacia de captação de leite. Graças a ampla rede de produtores, principalmente em Minas Gerais, a empresa tem mais acesso à matériaprima de qualidade por um bom preço do que a Vigor.
Segundo pessoas próximas às tratativas, a Lala deve seguir em frente com a aquisição da Vigor, até porque o contrato assinado com a J&F prevê penas pesadas em caso de desistência. Os mexicanos ainda apostam que a CCPR não vai conseguir exercer o direito de preferência por falta de recursos.
A cooperativa tenta estruturar um financiamento para a compra de 50% da Itambé, com apoio do governo de Minas Gerais, e já consultou algumas instituições financeiras, incluindo o Banco do Brasil. O prazo para exercer o direito de preferência vai até o dia 20. Procuradas, J&F, CCPR e Lala não deram retorno ou não comentaram.
Um estudo contratado pelo frigorífico JBS servirá de base na defesa dos irmãos Batistas nos processos em que são acusados de informação privilegiada (insider trading, em inglês), que caracteriza o uso ilegal de informação em transações no mercado financeiro.
A análise foi produzida pela Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), ligada à Faculdade de Economia e Administração da USP. O trabalho foi coordenado pelo diretor-presidente da entidade, Welington Rocha
O parecer final é que não existiu comportamento atípico nas operações da companhia com ações da JBS e câmbio pouco antes de vir a público o acordo de colaboração premiada de seus executivos.
Os irmãos Joesley e Wesley Batista são investigados em 13 inquéritos na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o xerife do mercado. Também foram indiciados pela Polícia Federal por uso de informação privilegiada.
Nesta terça-feira (3), os advogados da companhia anexaram o estudo da Fipecafi nas peças de defesa na CVM e no pedido de habeas corpus dos irmãos, que estão presos. TESE A Folha teve acesso aos dois relatórios que compõem o levantamento. O primeiro é um estudo contábil-financeiro sobre as operações de recompra de ações da JBS nos meses de abril e maio de 2017. O outro trata de operações de contratação de derivativos cambiais pelo frigorífico no mês de maio.
Sobre a atuação no mercado de ações, o estudo diz que não foram encontradas evidências de que os negócios no ano de 2017 tenham sido anormais quando comparados aos do ano anterior.
Em relação ao câmbio, a Fipecafi concluiu que a compra de dólares se justificou porque informações públicas indicaram que havia possibilidades boas de o dólar se valorizar diante do real. Segundo os consultores, análise das demonstrações financeiras não mostrou ganhos anormais. O estudo durou três meses e foi concluído no dia 29 de setembro.