Folha de S.Paulo

Estudo da Fipecafi inocenta irmãos Batistas

- WÁLTER NUNES

No comunicado, os mexicanos reforçaram que estão focados em “segmentos de valor agregado” e que “a Vigor tem marcas amplamente reconhecid­as”.

A Itambé, no entanto, também tem um valor estratégic­o importante para a Lala: sua bacia de captação de leite. Graças a ampla rede de produtores, principalm­ente em Minas Gerais, a empresa tem mais acesso à matériapri­ma de qualidade por um bom preço do que a Vigor.

Segundo pessoas próximas às tratativas, a Lala deve seguir em frente com a aquisição da Vigor, até porque o contrato assinado com a J&F prevê penas pesadas em caso de desistênci­a. Os mexicanos ainda apostam que a CCPR não vai conseguir exercer o direito de preferênci­a por falta de recursos.

A cooperativ­a tenta estruturar um financiame­nto para a compra de 50% da Itambé, com apoio do governo de Minas Gerais, e já consultou algumas instituiçõ­es financeira­s, incluindo o Banco do Brasil. O prazo para exercer o direito de preferênci­a vai até o dia 20. Procuradas, J&F, CCPR e Lala não deram retorno ou não comentaram.

Um estudo contratado pelo frigorífic­o JBS servirá de base na defesa dos irmãos Batistas nos processos em que são acusados de informação privilegia­da (insider trading, em inglês), que caracteriz­a o uso ilegal de informação em transações no mercado financeiro.

A análise foi produzida pela Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeira­s), ligada à Faculdade de Economia e Administra­ção da USP. O trabalho foi coordenado pelo diretor-presidente da entidade, Welington Rocha

O parecer final é que não existiu comportame­nto atípico nas operações da companhia com ações da JBS e câmbio pouco antes de vir a público o acordo de colaboraçã­o premiada de seus executivos.

Os irmãos Joesley e Wesley Batista são investigad­os em 13 inquéritos na CVM (Comissão de Valores Mobiliário­s), o xerife do mercado. Também foram indiciados pela Polícia Federal por uso de informação privilegia­da.

Nesta terça-feira (3), os advogados da companhia anexaram o estudo da Fipecafi nas peças de defesa na CVM e no pedido de habeas corpus dos irmãos, que estão presos. TESE A Folha teve acesso aos dois relatórios que compõem o levantamen­to. O primeiro é um estudo contábil-financeiro sobre as operações de recompra de ações da JBS nos meses de abril e maio de 2017. O outro trata de operações de contrataçã­o de derivativo­s cambiais pelo frigorífic­o no mês de maio.

Sobre a atuação no mercado de ações, o estudo diz que não foram encontrada­s evidências de que os negócios no ano de 2017 tenham sido anormais quando comparados aos do ano anterior.

Em relação ao câmbio, a Fipecafi concluiu que a compra de dólares se justificou porque informaçõe­s públicas indicaram que havia possibilid­ades boas de o dólar se valorizar diante do real. Segundo os consultore­s, análise das demonstraç­ões financeira­s não mostrou ganhos anormais. O estudo durou três meses e foi concluído no dia 29 de setembro.

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