Burocracia ‘come’ 135 dias das empresas
Pequenos empreendedores ainda não apostam em tecnologias básicas que poderiam reduzir tempo com tarefas
Segundo estudo, perda em produtividade pelo tempo alocado com essas atividades em PMEs é de R$ 79,5 bi
O investimento em tecnologias básicas, como softwares para auxiliar tarefas de contabilidade e recursos humanos, pode ajudar a reduzir o ônus administrativo de micro, pequenas e médias empresas brasileiras. Porém, a adesão a esses recursos digitais entre os pequenos empreendedores no Brasil ainda é baixa.
De acordo com uma pesquisa feita pela consultoria Plum para a multinacional de soluções tecnológicas Sage, o dono de um pequeno negócio no Brasil gasta em média 135 dias por ano de trabalho dedicados a atividades administrativas. São 15 a mais que a média global.
A perda em produtividade pelo tempo alocado com essas tarefas em PMEs brasileiras é estimada em R$ 79,5 bilhões por ano.
“O que ocorre no Brasil é que, além da legislação ser complexa, há um excesso de mudanças nas burocracias exigidas. As leis e regulações para empreendedores mudam cerca de três vezes mais em comparação com outros países”, afirma o presidente da Sage, Stephen Kelly.
Segundo Kelly, mudanças legislatórias são necessárias para aumentar a produtividade do empreendedor.
Mas, para obter avanços mais imediatos, segundo ele, há uma solução mais rápida: o investimento em softwares para auxiliar a gestão desses empreendedorestempotencialpara reduzir a perda de tempo em atividades burocráticas em até 40%, diminuindo também o custo operacional.
“As microempresas são uma fonte importante de geração de emprego e renda, é importante pensar em maneiras de torná-las mais produtivas”, disse. Segundo a pesquisa, um negócio que utiliza meios digitais para gerir tarefas administrativas cresce 5% mais rápido que outros negócios não digitalizados. ANALÓGICAS Apesar do benefício da digitalização, 48% das PMEs brasileiras ainda não usam nenhum software para auxiliar a execução de tarefas administrativas. Apenas 22% dessas empresas estão hoje completamente digitalizadas, e 29% usam parcialmente serviços tecnológicos.
“O Brasil teve um pico de crescimento em 2010, quando ainda havia barreiras à digitalização, como o acesso mais restrito e custoso à banda larga, então muitas pequenas e médias empresas nasceram usando sistemas analógicos”, afirma Kelly. Segundo ele, a crise vivida hoje no país dificulta a transição do analógico para o digital.
A razão principal apontada por muitos dos empresários como barreira para digitalização é simples: o custo. Quase metade dos empreendedores (48%) afirma que o investimento nesses sistemas é alto para um empresa de pequeno porte. Já 24% dizem que a intenção de terceirizar as tarefas burocráticas impede o investimento em digitalização. Para 18%, é a falta conhecimento entre donos e funcionários sobre como usar as ferramentas digitais disponíveis.
Apesar da resistência, a pesquisa mostra que o investimento traz retorno para o pequeno empresário e que a percepção desse custo é exagerada. No Brasil, o gastos em softwares entre empresas digitalizadas representa menos que 4% dos custos administrativos totais, semelhante à média internacional.
“Há uma percepção histórica que tecnologia é custosa e complicada”, diz Kelly. “Mas o custo reduziu muito nos últimos anos e as interfaces se tornam cada vez mais fáceis.” EUA 5% % de PMEs que usam softwares para tarefas administrativas por país Austrália França Reino Unido Irlanda Cingapura Alemanha Canadá Brasil Estados Unidos Espanha Africa do Sul Não usa
“teve um pico de crescimento quando havia barreiras à digitalização, então muitas pequenas empresas nasceram usando sistemas analógicos