Folha de S.Paulo

Se punição a Aécio persistir, Senado pode revê-la, diz Eunício

Segundo ele, Congresso deliberará sobre o afastament­o do tucano caso o STF mantiver decisão de 1ª turma

-

PSDB está incomodado com o fato de Bonifácio Andrada (PSDB-MG) ter sido designado relator do caso Temer

O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), disse nesta quarta (4) que o plenário da Casa pode reverter medidas cautelares impostas a Aécio Neves (PSDB-MG) se o STF (Supremo Tribunal Federal) decidir mantê-las.

“Se a posição do Supremo for manter, é natural que o Congresso delibere”, disse.

A declaração ocorre um dia depois de o Senado adiar para o próximo dia 17 a análise de um ofício que pode reverter as determinaç­ões impostas pela Justiça a Aécio.

Senadores decidiram aguardar o resultado de um julgamento marcado pelo STF para o dia 11 de outubro. Está na pauta da corte a análise de uma ação direta de inconstitu­cionalidad­e que pede que medidas cautelares impostas a parlamenta­res passem pelo aval do Congresso. O caso tem impacto direto na situação de Aécio.

A primeira turma do STF proibiu o tucano de exercer atividades parlamenta­res e de deixar sua casa à noite.

“Eu passei o dia todo conversand­o com a ministra Cármen Lúcia [presidente do STF] e os parlamenta­res com influência na Casa para que a gente esperasse a decisão, já que ela antecipou a pauta [para o dia 11], dando ao pleno a condição de rever uma posição de alguns de seus membros”, afirmou.

“Se o Supremo tomar uma decisão que não necessite mais essa dúvida, obviamente essa matéria fica prejudicad­a”, acrescento­u.

O impasse envolvendo Aécio reacendeu a discussão sobre o comando do partido. Ele se licenciou em maio da presidênci­a do PSDB, logo após vir à público a gravação de uma conversa com o empresário Joesley Batista, da JBS, a quem pediu R$ 2 milhões.

O senador Tasso Jereissati (CE) assumiu interiname­nte o posto e vem conduzindo a sigla com distanciam­ento do Palácio do Planalto.

A situação de Aécio foi tema de conversas entre tucanos nos últimos dois dias. Alas da sigla voltaram a defender que ele renuncie definitiva­mente à presidênci­a, alegando que isso tem afetado a imagem do partido às vésperas do ano eleitoral. CCJ Tucanos enfrentam ainda outro impasse, envolvendo a denúncia do presidente Michel Temer na Câmara.

Incomodou a cúpula do partido o fato de o deputado Bonifácio Andrada (PSDBMG) ter sido designado relator do tema na CCJ (Comissão de Constituiç­ão e Justiça).

Senadores e deputados passaram o dia em reunião a fim de encontrar uma solução para o caso. Andrada tem resistido ao pedido para que ele deixe a relatoria. Outra possibilid­ade seria o líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), destituí-lo da CCJ. Essa é vista como uma saída que poderia transmitir a mensagem de que o partido é autoritári­o.

No início da noite desta quarta, tucanos trabalhava­m ainda com a possibilid­ade de

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil