Advogado vai contestar caminho da propina
Tacla Duran alega que conta por onde teria passado suborno a Temer estava fechada
O advogado Rodrigo Tacla Duran, que trabalhou para a Odebrecht até 2016, usará em sua defesa na Lava Jato o registro de uma troca de e-mails indicando que uma conta bancária sua no exterior que teria sido usada pela empreiteira para pagar propina ao presidente Michel Temer estava fechada no ano da transação mencionada pela Procuradoria-Geral da República. Temer foi denunciado por organização criminosa e obstrução de justiça.
Duran é acusado pela Lava Jato de lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa. Ele tentou, sem sucesso, um acordo de delação premiada. Moro pediu sua prisão, mas a Espanha se recusou a extraditá-lo.
A denúncia contra o presidente contém uma perícia do material apreendido no departamento de propinas da Odebrecht. O laudo concluiu que, entre 2011 e 2012, houve repasses que somaram US$ 19,8 milhões para o presidente Temer, o ex-deputado Eduardo Cunha e o ex-ministro Henrique Eduardo Alves.
O dinheiro, diz o laudo, foi repassado via empresas offshores que tinham conta no Meinl Bank, em Antígua, banco comprado pela Odebrecht.
Segundo a denúncia, em 2011 e 2012 as empresas Innovation, Klienfeld, Magna e Trident fizeram repasses que somaram US$ 11,55 milhões e depois US$ 8,25 milhões numa conta da GVTEL, empresa de Duran. A perícia diz que a conta da GVTEL também estava no Meinl Bank.
Para tentar derrubar a tese da Procuradoria, Duran vai usar em sua defesa uma troca de e-mails entre ele e Vinícius Borin, administrador do banco, em que eles combinam o encerramento da conta da GVTEL no Meinl Bank, ainda em 2010.
A primeira mensagem é enviada por Borin (vinicius@ meinlbank.com.ag) para Duran (gvtel_corp@gvtelnet. com) em 29 de outubro de 2010. “Dr. a conta da GVTEL já tem 30 dias que está aberta sem movimento. As contas com mais de 30 dias sem movimentação temos que encerrar por política do banco. Você pretende utilizar a conta nos próximos dias?”, pergunta Borin. Duran responde no dia primeiro de novembro. “Não pretendo utilizar a conta da GVTEL.”
No dia seguinte, Borin pede que ele formalize o pedido de encerramento e em 3 de novembro Duran envia para Borin a mensagem “OK, segue anexo assinada”.
Os procuradores anexaram na denúncia comprovantes das operações feitas pelas quatro offshores que depositaram para a GVTEL. Os atestados apontam que os repasses para a empresa de Duran foram feitos por transferência interna, o que fez o perito concluir que a conta da firma do advogado estava localizada no Meinl Bank.
Os documentos bancários informam as datas das transferências, o valor de cada operação, os números das contas das offshores, mas não o número da conta GVTEL, identificada só pelo nome. OUTRO LADO A Procuradoria-Geral da República não se manifestou.
A Odebrecht disse que “a qualidade e a eficácia da colaboração da empresa vêm sendo confirmadas dia a dia.”
Duran disse que seu patrimônio e empresas no Brasil e no exterior estão declarados a Receita e Banco Central.