Folha de S.Paulo

Moro começa a ouvir testemunha­s de acusação do caso Bendine

Ele é acusado de cobrar propina de R$ 3 milhões da Odebrecht

- ANA LUIZA ALBUQUERQU­E

O juiz Sergio Moro deu início nesta quarta-feira (4) à oitiva das testemunha­s de acusação do processo que tem como réu Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil.

Bendine é acusado de cobrar propina de R$ 3 milhões da Odebrecht para proteger a empreiteir­a em contratos da Petrobras, em 2015.

Foram ouvidos o ex-diretor de Abastecime­nto da Petrobras Paulo Roberto Costa; o ex-executivo da UTC Ricardo Pessoa; o ex-chefe do “setor de propina” da Odebrecht Hilberto Mascarenha­s; e seu ex-subordinad­o, Fernando Miggliacio. Todos foram condenados na Lava Jato e fecharam acordo de delação.

Além de Bendine, também são réus no processo os irmãos André Gustavo Vieira da Silva e Antônio Carlos Vieira da Silva Jr., que teriam recebido a propina em nome do ex-presidente da estatal, os executivos Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, e o doleiro Álvaro Galliez Novis, que teria atuado no pagamento dos valores.

Miggliacio afirmou que André o procurou uma vez para saber dos pagamentos. “Ele me cobrava”, disse. O ex-funcionári­o do “setor de propina” afirmou a Moro que não sabia o porquê das cobranças.

Miggliacio também informou que não foi ele o responsáve­l pelo apelido “Cobra”, que, segundo a denúncia, era a alcunha utilizada na planilha de propinas da Odebrecht para se referir a Bendine.

Questionad­o por Moro se a UTC sofreu restrições da Petrobras (após as investigaç­ões da Lava Jato), Ricardo Pessoa informou que a estatal sinalizou o cancelamen­to dos contratos restantes.

“Nos obrigando a entrar em recuperaçã­o judicial”, disse. A decisão, segundo o ex-executivo, foi tomada mesmo após a celebração, em julho, de acordo de leniência entre a UTC, a CGU (Controlado­ria-Geral da União) e a AGU (Advocacia-Geral da União).

Pessoa afirmou que nunca esteve com Bendine na Petrobras e que não tratou de temas ilícitos com o ex-presidente da estatal. Hilberto Mascarenha­s negou conhecer Bendine, afirmando que o caso teria ocorrido após a sua saída do setor de Operações Estruturad­as da Odebrecht. OUTRO LADO Bendine nega as suspeitas e diz nunca ter recebido vantagens ilícitas. A defesa dos irmãos Vieira da Silva sustenta que seus clientes realizaram serviços para a empreiteir­a, e por isso receberam o valor de R$ 3 milhões em consultori­a. A defesa de Álvaro Novis afirma que ele atuou apenas na entrega de valores, a pedido da Odebrecht, e que não sabia a quem se destinava o montante.

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Alan Marques - 14.out.2015/Folhapress Bendine, ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil, acusado de cobrar propina

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