Folha de S.Paulo

Atirador não deu sinais de que planejava atentado, diz namorada

Companheir­a do homem que matou 58 pessoas em Las Vegas o descreve como ‘gentil e tranquilo’

- FERNANDA EZABELLA

Marilou Danley confirma ter recebido em setembro remessa de US$ 100 mil dólares de Stephen Paddock

A namorada do homem que matou 58 pessoas no domingo (1º) ao atirar na multidão reunida para um show em Las Vegas afirmou, na quarta (4), que ele “nunca disse ou fez nada que pudesse ser entendido como alerta de que algo terrível estava para acontecer”.

Em comunicado lido por seu advogado, Marilou Danley descreveu Stephen Paddock como um homem “carinhoso, atencioso e tranquilo”.

Ela estava nas Filipinas quando o namorado perpetrou o maior ataque a tiros da história dos EUA, e voltou a Los Angeles na terça (3), onde foi sabatinada no dia seguinte pelo FBI (polícia federal americana). Espera-se que possa ajudar a esclarecer a motivação do massacre.

No texto, divulgado após o interrogat­ório policial, Danley confirmou ter recebido de Paddock um bilhete de avião para visitar a família dela no Sudeste Asiático, assim como uma transferên­cia inesperada de US$ 100 mil (R$ 315 mil) —destinada, segundo as instruções dele, à compra de uma casa por lá.

“Fiquei agradecida, mas, honestamen­te, temi que fosse um jeito de terminar o relacionam­ento comigo. Não me ocorreu de forma alguma que ele estivesse planejando [um ato de] violência contra quem quer que fosse.”

Paddock e Danley, 62, conheceram-se muitos anos atrás, quando ela trabalhava como hostess em um cassino de Reno (Nevada) do qual ele era frequentad­or assíduo.

Australian­a, ela nasceu nas Filipinas, tem uma filha que mora na Califórnia e foi casada com outro americano por 25 anos. “Ele a mandou embora [para as Filipinas] para não interferir em seus planos [...]”, disse à CNN uma das irmãs de Danley.

Paddock e Danley moravam juntos em Mesquite, a 120 km de Las Vegas, e ele também tinha uma casa em Reno. Nas duas residência­s e no quarto do hotel Mandalay Bay, do alto do qual ele alvejou uma aglomeraçã­o de mais de 20 mil pessoas, foram encontrada­s ao todo 47 armas.

Jill Snyder, agente do Escritório de Álcool, Tabaco e Armas de Fogo (ATF), disse que 33 foram compradas entre outubro de 2016 e 28 de setembro —a maioria fuzis.

À noite, o chefe da polícia de Las Vegas, Joseph Lombardo, reconstitu­iu o ataque. Segundo ele, Paddock começou a atirar às 22h05 (2h05 de segunda em Brasília) e parou dez minutos depois.

Às 22h17, seguranças chegaram ao 32º andar e foram recebidos a tiros —um deles se feriu. Com a chegada da polícia, 13 minutos depois, começou a revista dos quartos. Quando entraram no de Paddock, às 23h20, ele já havia se suicidado.

Lombardo disse acreditar que o plano inicial do atirador era sair do hotel vivo. Para ele, é improvável que Paddock tenha levado as dez ma- las onde estavam as 23 armas sem a ajuda de ninguém.

Ele também revelou que o aposentado alugou um apartament­o no centro da cidade no final de semana anterior ao massacre. Na ocasião, Las Vegas recebia um festival de música pop e rock. TRUMP Pela manhã (no horário local, tarde no Brasil), o presidente Donald Trump se encontrou em Las Vegas com centenas de feridos, policiais e pessoas que ajudaram no resgate às vítimas.

“Estou muito orgulhoso de ser americano hoje. Todos aqui fizeram um trabalho incrível. Vi pessoas terrivelme­nte feridas, muito mal mesmo, porque elas tentaram ajudar outras. ”

Um jornalista tentou perguntar sobre a possibilid­ade de restringir a comerciali­zação de armamentos, mas Trump não quis comentar.

Das 23 armas que Paddock tinha em seu quarto de hotel, 12 eram dotadas do mecanismo “bump stock”, que permite disparar tiros de forma mais rápida, emulando um artefato automático.

A senadora democrata Dianne Feinstein enviou na terça (3) um projeto para proibir o dispositiv­o. Ela apresentou proposição similar em 2013, mas foi derrubada pela maioria republican­a no Senado.

Nesta quarta (4), porém, sete legislador­es do partido disseram à imprensa dos EUA que avaliariam o projeto, incluindo os senadores Marco Rubio e Lindsey Graham. 12.JUN.2016 Um homem armado abre fogo em uma boate de Orlando, deixando 49 mortos e muitos feridos; foi o maior ataque a tiros da história moderna dos EUA —até domingo (1º) 2016 JUNHO

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Kevin Lamarque/Reuters Donald Trump fala a socorrista­s no departamen­to de polícia de Las Vegas, na quarta (4)

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