Folha de S.Paulo

Fundo de pensão da Caixa vai vender sua parte na Eldorado

Funcef vai negociar 8,5% da empresa com a Paper Excellence

- RAQUEL LANDIM

A Funcef, fundo de pensão dos funcionári­os da Caixa Econômica Federal, vai vender sua participaç­ão na Eldorado para a Paper Excellence, que pertence a família indonésia Widijaja.

O fundo decidiu exercer o direito de “tag along” e acompanhar a J&F, holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista, que já vendeu 13% da empresa para os Widijaja.

Segundo pessoas próximas às tratativas, o Petros, fundo de pensão dos funcionári­os da Petrobras, pediu extensão do prazo, mas deve tomar sua decisão ainda neste mês. A tendência é também vender a sua participaç­ão.

Os detalhes da saída da Funcef da Eldorado serão discutidos nos próximos 30 dias, mas, pela proposta feita pela Paper Excellence, a fatia do fundo equivaleri­a a cerca R$ 670 milhões. A Funcef possui 8,5% da Eldorado, mesmo porcentual da Petros.

Conforme pessoas próximas aos fundos, o valor oferecido pela Paper Excellence é igual a meta atuarial estabeleci­da pela Funcef por seu investimen­to na Eldorado, o que permite à fundação selar o negócio sem prejuízo para os pensionist­as.

O investimen­to inicial de Petros e Funcef no negócio foi de R$ 272 milhões cada um, aportados em 2009 e 2010. Joesley confessou em delação premiada que pagou propina a ex-dirigentes das fundações para apostar no negócio.

Com a criação da Eldorado, a implantaçã­o da fábrica de celulose e a perspectiv­a de uma nova unidade, a fatia de cada fundo chegou a ser avaliada em quase R$ 1,6 bilhão. O valor teve que se revisto para menos de R$ 400 milhões quarta-feira (4) que assinou acordo para vender suas operações no Chile por US$ 154 milhões para os grupos locais Matco e Ingeniería e Inversione­s. O acordo faz parte do programa de otimização de ativos que já fez a empresa desistir de produzir na Europa. Segundo a Gerdau, os ativos chilenos envolvem capacidade instalada anual de 520 mil toneladas. depois que a Polícia Federal passou a investigar os Batista. A revisão agravou o déficit do balanço dos fundos.

Também pesou na decisão da Funcef de sair da Eldorado o desconheci­mento sobre as operações da Paper Excellence, que acaba de chegar ao Brasil. Nos anos 2000, a família Widijaja teve que reestrutur­ar dívidas com alguns bancos por causa da crise asiática. A fundação não se sentiu confortáve­l em permanecer como minoritári­a.

Na briga pela Eldorado, a Paper Excellence superou outros concorrent­es com uma oferta de R$ 15 bilhões pela empresa, incluindo uma dívida de R$ 7,5 bilhões. O negócio, no entanto, só será concluído em 12 meses.

Nessa primeira fase, a companhia vai comprar 34% da Eldorado: 17% da J&F e 17% dos fundos (caso a Petros também decida vender).

Depois disso, a família Widijaja vai tentar levantar capital para comprar o restante da Eldorado e, se for necessário, pagar antecipada­mente as dívidas com o BNDES e o FI-FGTS. A troca de comando da companhia vai permitir aos bancos acelerarem o vencimento dos débitos.

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