Engie prevê alta do endividamento após compra das usinas da Cemig
A Engie, companhia de energia que adquiriu duas das quatro hidrelétricas da Cemig leiloadas na semana passada por um total de R$ 3,5 bilhões, se prepara para aumentar seu endividamento e trocar parte do seu parque de geração.
A companhia, hoje, tem dívidas que equivalem a menos de uma vez o seu Ebitda (ganhos antes de juros, impostos e depreciação), segundo o CEO da empresa no Brasil, Mauricio Bähr, que não vê risco jurídico na compra dos ativos da empresa mineira.
“O limite é duas vezes e meia o Ebitda, mas o número final deverá chegar a 1,5, no máximo duas vezes [o incdicador], afirma.
Para pagar as usinas recém-arrematadas, Jaguara e Miranda, e trocar usinas cuja concessão se aproxima do fim ou que são poluentes, a empresa deve tomar empréstimos. O BNDES não financia mais outorgas.
“Talvez tenhamos um mix de debêntures e financiamento. Os bancos estão nos procurando, e já há oferta de cheque de mais de R$ 1 bilhão.”A companhia prefere recursos domésticos para evitar o descasamento cambial.
Bähr acredita que poderá antecipar o prazo de 180 dias para a transferência das usinas da Cemig —talvez para quatro meses. A concessão de algumas das usinas de seu portfólio atual vencerá em 2028. A empresa tem uma estratégia global de se desfazer de ativos que produzem energia a partir de carvão, e colocou à venda duas térmicas brasileiras (uma já operacional, outra em construção).
Há ainda planos de negócios para energia solar distribuída, eólica e outros projetos que não são de geração.
A Engie está em fase de “due diligence” (avaliação de risco do ativo antes da compra) para adquirir uma empresa brasileira que instale pontos de carga de energia para carros elétricos.
A companhia começa a atuar com mais intensidade em iluminação, mobilidade urbana e em aeroportos —“já estamos em contato com novos concessionários.”