Folha de S.Paulo

Governo gaúcho pretende vender parte de banco estatal

Em grave crise, Estado diz que vai negociar 49% das ações ordinárias do Banrisul, que só pode ser privatizad­o após consulta popular

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O governo do Rio Grande do Sul, que enfrenta uma grave crise financeira, anunciou nesta quarta-feira (4) que vai vender cerca de 49% do capital votante do banco estatal Banrisul. As ações preferenci­ais da instituiçã­o também serão vendidas.

Com o anúncio, os papéis ordinários do banco encerraram em alta de 22,2%, mas com baixo volume de negócios, cotados a R$ 25,90. Já os preferenci­ais tiveram baixa de 10,2%, a R$ 15,62, em meio à frustração de investidor­es que esperavam uma potencial privatizaç­ão do banco.

O governo gaúcho descartou abrir mão do controle do banco e disse que manterá uma participaç­ão de 51% do capital votante. O Estado possui hoje 99,58% do capital votante e 14,2% do total.

A privatizaç­ão do Banrisul exige uma consulta popular, exigência aprovada pela Assembleia Legislativ­a no governo de Olívio Dutra (PT).

A administra­ção de José Ivo Sartori (PMDB) afirmou que a venda do excedente do controle acionário “visa solucionar em parte as atuais dificuldad­es” financeira­s do Estado, que está negociando um plano de recuperaçã­o fiscal com a União.

Segundo o governador gaúcho, a operação deve ser realizada até o fim deste ano e que ela vai ocorrer agora por- que os papéis estão cotados na faixa dos R$ 17 —chegaram a valer R$ 4,13 no início do ano passado. CRISE O Rio Grande do Sul é um dos candidatos a aderir ao plano de recuperaçã­o fiscal do governo, como fez o Rio. No começo de setembro, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que estava em “conversas preliminar­es” com os gaúchos. “Já houve uma missão do Tesouro em visita ao Estado. Vamos ver como prioridade o avanço dessas conversas”, afirmou.

Em grave crise financeira, com dificuldad­es para pagar salários e dívidas, o governo gaúcho decretou em novembro de 2016 estado de calamidade financeira.

Em 2016, o Estado teve um deficit primário de R$ 104 milhões, de acordo com o Tesouro Nacional. A dívida chegou a R$ 66,1 bilhões.

Sem dinheiro, Sartori (PMDB) extinguiu 11 órgãos e parcelou o salário dos funcionári­os por praticamen­te um ano consecutiv­o. A contribuiç­ão previdenci­ária dos servidores estaduais também foi elevada de 13,25% para 14%. Os professore­s chegaram a protocolar um pedido de impeachmen­t do governador.

A segurança pública foi uma das áreas que mais sofreram: o efetivo diminuiu, e uma onda de crimes se instalou no Estado.

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Alan Marques - 26.ago.2016/Folhapress O governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB)

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