Modelo de corrupção sistemática tem saída, afirma brasilianista
Historiador faz paralelo entre o Brasil atual e os EUA do século 19
Corrupção e relações de compadrio entre políticos e empresas não são exclusividade do Brasil e a história ajuda a ver saídas, diz o brasili- anista William Summerhill, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA).
O especialista em história econômica apresentou, em seminário nesta quarta (4) na Universidade Mackenzie, um retrato dos EUA no início do século 19 que lembra o cenário descortinado pela Operação Lava Jato no Brasil.
“Só abria uma empresa quem tivesse autorização de políticos, e eles usavam esse regime de acesso limitado para barrar a entrada de rivais”, descreveu Summerhill.
Era uma economia de oligopólios e monopólios locais, em que a propina era estimulada. “Um modelo de corrupção sistemática.”
Os resultados eram subdesenvolvimento financeiro, “rent-seeking” (tentativa de obter renda por favorecimentos), ineficiência, corrupção e políticas antimercado.
Os EUA se recuperaram com mobilização política que levou à eleição, baseada numa campanha anticorrupção, de Andrew Jackson como presidente (1829-1837).
Além disso, uma forte crise mergulhou o país em recessão a partir de 1837.
Com os Estados endividados, foram extintas as amarras para a abertura de empresas. Muitos bancos menores acabaram sendo criados e o crédito foi ampliado, o que ajudou a superar a crise.