Compositor de baladas de sucesso
Todo aniversário Sérgio ganhava gaitas de boca. A primeira recebeu porque os parentes não sabiam muito bem como presentear uma criança cega. As seguintes vieram na forma de investimento: já nos primeiros assopros, o menino apresentou um talento musical incomum.
Da gaita passou para o piano, instrumento ao qual se dedicou durante 48 anos de carreira. Compositor, cantor, arranjador e técnico de gravação, Sérgio Sá foi autor de mais de 350 canções. JOÃO BAPTISTA ALVARENGA -
Aos 87, casado com Maria Aparecida Alvarenga. Deixa filhos. Cem. Mun.de Bebedouro (SP).
1º ANO JAYME PEREIRA DE MATTOS -
Nesta quinta (5) às 19h, Igreja Sto. Antônio do Pari, pça. Padre Bento, 13, Pari.
21º MÊS LYDIA DE AGOSTINHO SCARPELLI -
Nesta sexta (6) às 19h, Igreja Sto. Antônio da Granja Viana, r. Sto. Antônio, 486, Granja Viana, Cotia (SP).
Sob o pseudônimo Paul Bryan, surgiu para o grande público com a balada “Listen”, da trilha sonora da novela “O Bem Amado”, da Rede Globo. Depois disso, vieram parcerias com artistas como Roberto Carlos, Tim Maia, Fábio Júnior e Vanusa.
Cego desde o nascimento, Sérgio mudou-se sozinho para São Paulo aos 11 anos, para estudar no tradicional Instituto Padre Chico —Fortaleza, sua terra natal, não tinha escolas especializadas.
Um ano depois, os pais e a irmã mais velha também trocaram de endereço. A reconfiguração não foi uma doação sem contrapartida: a família também ganhou com a singularidade do então caçula.
“Aprendemos a nos abrir a outros sentidos e emoções”, diz a irmã Eliana. Editora, ela publicou três livros sobre a condição do músico: dois escritos por ele e um pela mãe.
Bem-humorado, nunca lamentou a cegueira. “Beethoven não compôs o que compôs sendo surdo?”, dizia. Também rejeitava ser chamado de deficiente visual —para ele, um eufemismo.
Morreu nesta terça (3), após um infarto. Deixa mulher, irmãs, três filhos e netos.
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