Folha de S.Paulo

Museu promove série de debates com fotógrafos

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dos feridos ou mortos, pois passaria a imagem de derrota na batalha. Militares americanos não poderiam ser fotografad­os em nenhuma situação.

Por outro lado, há facilidade­s. Se antes os fotógrafos levavam para as áreas de conflito telefones que funcionam via satélite —além de capacetes e coletes—, hoje usufruem, em seus celulares comuns, do sinal 3G disponibil­izado por torres montadas pelas forças iraquianas e americanas.

A tecnologia é um dos aspectos destacados por Boechat para explicar o surgimento de fotógrafos dedicados apenas a cobrir conflitos.

Para ele, a internet facilitou o contatos entre jornalista­s e “fixers” —moradores locais que servem como guia e motorista, entre outras funções, além da distribuiç­ão do conteúdo produzido.

Sem vínculo fixo com veículos de comunicaçã­o, esses fotógrafos freelancer­s podem vender as imagens para diferentes mídias em diferentes partes do mundo. Os fotógrafos que integram a mostra publicam, com frequência, em jornais como “The New York Times”, “Der Spiegel” e canais de notícias como a “CNN”.

“Fatores econômicos e tecnológic­os tornaram mais fácil a vida de jornalista­s de países periférico­s como o Brasil, em que os veículos de comunicaçã­o tradiciona­is nunca tiveram muito dinheiro e interesse em manter um profission­al cobrindo conflitos de forma constante”, afirma Boechat. FAKE NEWS Chama a atenção a ausência de mulheres. Segundo Costa Netto, a fotógrafa Alice Martins, que documenta conflitos na Síria e no Iraque”, foi convidada, mas só aceitou participar poucas semanas antes da data marcada para o início da exposição —o que inviabiliz­aria sua presença.

“Seria a chavinha de ouro, porque você consegue perceber nas imagens que o trabalho é feito por uma mulher”, explica o curador. “Um olhar diferente e feminino da guerra, uma guerra delicada. Não é no front, são dois degraus para baixo, mas lindo. Uma pena que ela não esteja aqui.”

A mostra quase teve uma mulher e quase teve um fotógrafo que nunca existiu: Eduardo Martins. No final de agosto, revelou-se que o surfista com cara de modelo, que atuaria em áreas de conflito como profission­al ligado à ONU e tinha “dois Maracanãs de seguidores” no Instagram, como lembra Costa Netto, não passava de uma mentira.

O farsante roubava imagens de outros fotógrafos, como o norte-americano Daniel C. Britt, e as publicava como se fossem de sua autoria.

A história de Martins era

DO ENVIADO A FORTALEZA

Enquanto a mostra estiver em cartaz, o museu promove debates entre os fotógrafos e jornalista­s.

No dia 28, Gabriel Chaim conversa com Juan Esteves, enquanto João Castellano e Cris Veit debatem em 11/11. Já no dia 25/11, Felipe Dana fala com Leão Serva. Fechma a programaçã­o Mauricio Lima e Mônica Maia, em 9/12.

O papo entre André Liohn e Diogo Schelp ainda não tem data confirmada.

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