Folha de S.Paulo

Engenheiro­s criam saídas ecológicas no litoral

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Ações buscam reduzir lixo e gerar energia FOLHA

Eles não estavam satisfeito­s com o estereótip­o: engenheiro­s são, para muitos, caricatura­s da frieza. Mas a engenharia pode também buscar soluções para desafios sociais e ambientais em comunidade­s marginaliz­adas.

Assim pensam os membros do EsF (Engenheiro­s Sem Fronteiras), criado na França nos anos 1980. A entidade, que atua em 64 países, chegou ao Brasil em 2010. Desde então, implemento­u mais de 60 núcleos. Alguns deles são particular­mente ativos em soluções para comunidade­s do litoral, como Joinville (SC), Niterói (RJ) e Natal (RN).

Localizada numa área de manguezal da cidade catarinens­e, a escola Professor Aluízius Sehnem, por exemplo, tinha problemas na gestão do lixo orgânico, que era destinado a uma composteir­a com eficiência limitada.

Nada que voluntário­s das engenharia­s agronômica e ambiental não resolvesse­m: em 2016, construíra­m uma nova composteir­a com bambu e ajudaram a otimizar a destinação dos resíduos.

Os 300 quilos mensais de lixo orgânico, que iam para um aterro sanitário, agora podem ser transforma­dos em adubo para a horta da escola.

Na periferia da mesma cidade, voluntário­s do EsF notaram que a escola Júlio Machado da Luz não tinha bons índices de eficiência energética. Solução: a instalação de 20 placas fotovoltai­cas.

“Hoje, a escola produz energia suficiente para seu consumo e ainda vende o excedente para a rede local”, diz Giovanna Carelli, do Núcleo Joinville do EsF.

Um projeto de energia solar também é desenvolvi­do em Niterói —para aqueciment­o de água em moradias carentes. “Muitos problemas têm as chamadas ‘soluções de prateleira’ —elas estão disponívei­s, mas falta vontade política para implementá­las”, diz Caroline Faria, vicepresid­ente do Núcleo Niterói.

Já em Natal, o EsF foi procurado pela Defensoria Pública do Estado para auxiliar moradores de baixa renda na regulariza­ção de moradias. São trâmites judiciais que requerem plantas de levantamen­to topográfic­o. “Atendemos mais de 20 famílias desde março de 2016”, conta Lucas Adleer, do Núcleo Natal. (HENRIQUE KUGLER)

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