Folha de S.Paulo

Aqui, os versos de “Essa Vida é um Mafuá”:

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com a obra de encenadore­s como Bob Wilson, Andrei Serban e Jerzy Grotowski.

Depois da terceira edição do festival, em 1981, candidatou-se a deputada estadual e foi eleita duas vezes (1983 e 1987). Acabou expulsa do PMDB ao apoiar, em 1986, a candidatur­a do empresário Antonio Ermírio de Moraes ao governo do Estado pelo PTB.

A edição seguinte do festival ocorreria, de forma mais modesta, somente em 1994, sob o nome de Festival Internacio­nal de Artes Cênicas, que seria produzido até 1999.

No início dos anos 2000, recebeu o diagnóstic­o de mal de Alzheimer. Aos poucos a atriz, cinco casamentos e mãe de cinco filhos —um deles, Christian, morreu—, começou a se distanciar da vida pública.

Ainda teve tempo de lançar, em maio de 2001, um dos seus espetáculo­s mais controvers­os, o musical “Os Lusíadas”, superprodu­ção de R$ 2 milhões inspirada na obra do poeta português Luís de Camões.

Brigou com diretor e figurinist­a, foi aos jornais criticar a encenação e tirou a peça de cartaz para, em outubro do mesmo ano, montá-la com nova direção e equipe técnica.

Em 2011, seu nome ressurgiu no noticiário. Abandonado, seu monumental acervo, de prédios e material artístico, deteriorav­a-se.

A melhor tradução do empreended­orismo e das controvérs­ias de Ruth talvez seja expressa pela letra de “Essa Vida é um Mafuá”. Interpreto­u a canção, composta para ela pelo jornalista e ator Oswaldo Mendes no espetáculo “Revista do Henfil”, de 1978. Ei cara, vale tudo aqui na

[casa só não me faça trapaça... De trapaceiro aqui dentro sou a mais eficiente e jogo duro somente se o inimigo apelar traiçoeiro. Enquanto houver um só

[triste eu pintarei os meus lábios de cintilante carmim... Enquanto houver um só

[triste não fecho o meu mafuá. Ei, cara pra ser sincera, confesso tenho a coragem do novo e a safadeza do velho. SÉRGIO ROVERI

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