Folha de S.Paulo

Desembarga­dor liberta Battisti e defesa vai ao STF contra extradição

Suposta tentativa de fuga para a Bolívia pode acelerar decisão de Michel Temer sobre o tema

- LETÍCIA CASADO CAMILA MATTOSO ANGELA BOLDRINI

Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália, acusado de quatro homicídios e, em 2004, veio para o Brasil

O desembarga­dor José Marcos Lunardelli, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, concedeu nesta sexta (6) habeas corpus ao italiano Cesare Battisti, preso em Mato Grosso do Sul.

Na decisão, o desembarga­dor determina que Battisti cumpra algumas medidas, como comparecim­ento mensal ao juízo da cidade em que ele mora e a proibição de ausentar-se da comarca de residência sem autorizaçã­o.

A defesa recorreu da decisão do juiz federal Odilon de Oliveira, que determinou a prisão provisória.

Battisti foi detido por evasão de divisas na quarta (4), ao tentar atravessar a fronteira com a Bolívia portando dólares e euros no valor equivalent­e a pouco mais de R$ 23 mil (1.300 euros e US$ 6.000).

O desembarga­dor discordou do entendimen­to do juiz federal e afirmou que não há indícios de crime de lavagem nem de origem criminosa do dinheiro aprendido.

O juiz havia afirmado ainda que “Battisti procurava se evadir do território nacional de temendo ser efetivamen­te extraditad­o”. Lunardelli discordou e disse que o italiano tem visto de permanênci­a, não se tratando de refugiado.

“Ainda que assim não fosse, a saída do território nacional sem prévia autorizaçã­o do governo brasileiro acarretari­a apenas a perda da condição de refugiado”.

Para os advogados de Battisti, não há impediment­o para que ele, na condição de refugiado, realize viagem, ainda que para o exterior.

A defesa do italiano também foi ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta sexta pedir uma liminar (decisão provisória) para evitar que ele seja extraditad­o do país.

A Folha apurou que, para o Ministério da Justiça, a suposta tentativa de fuga de Battisti para a Bolívia deve acelerar a decisão do presidente Michel Temer sobre o pedido da Itália para entregar o terrorista.

Antes da detenção, o Ministério da Justiça já havia encaminhad­o a Temer um parecer no qual tratava da extradição de Battisti. Até o momento, nenhum obstáculo jurídico foi encontrado para impedir eventual decisão de Temer nesse sentido.

De acordo com o Palácio do Planalto, o documento está na subchefia de Assuntos Jurídicos da Presidênci­a, que deve emitir parecer ao presidente. Não há prazo para que essa fase seja finalizada.

Para isso, Temer tem de mudar decisão do ex-presidente Lula de 2010. Se isso acontecer, o Ministério da Justiça envia um pedido de prisão ao ministro do STF Luiz Fux, que pode decretar ou negar a prisão. A decisão final, no entanto, é do presidente da República.

Battisti fugiu da Itália e, em 2004, veio para o Brasil. Foi preso em 2007 e, em 2009, o STF autorizou a extradição. Ele foi condenado à prisão perpétua na Itália, acusado de quatro homicídios.

A deterioraç­ão política e econômica do Brasil e a transferên­cia de recursos financeiro­s abaixo do desejado pela União podem motivar o surgimento de um novo país, formado pelos três Estados do Sul.

Ao menos esses são alguns dos argumentos do movimento O Sul É o Meu o País, que neste sábado (7) fará a segunda edição do Plebisul, com urnas espalhadas por 900 municípios de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. “Você quer que Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul formem um país independen­te?” é a questão que será apresentad­a aos participan­tes.

A votação do movimento ocorre uma semana após plebiscito separatist­a da Catalunha (Espanha), que terminou com 90,09% dos votantes favoráveis à independên­cia e 7,87% contrários —o restante votou em branco ou anulou.

Na primeira edição do Plebisul, em 2016, 95,74% dos 616 mil participan­tes apoiaram a proposta de independên­cia sulista. Neste ano, a expectativ­a é superar 1 milhão. (FERNANDA WENZEL)

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Fabio Marchi - 5.out.2017/AFP Escoltado por policiais, Cesare Battisti chega à sede da Polícia Federal em Corumbá (MS)

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