Folha de S.Paulo

Russos e sauditas se aproximam de forma inédita

- IGOR GIELOW

ginal havia se baseado apenas em sua admissão de culpa, sem levar em consideraç­ão sua alegação de que essa admissão teria sido obtida mediante uso de força.

A corte considerou ainda que exames médicos deveriam ter sido realizados diante da denúncia de Lusvarghi de que havia sido torturado. Também não teria havido a coleta de evidências, e as audiências jurídicas teriam ocorrido em língua que o acusado desconheci­a, sem tradução, segundo o “Kyiv Post”.

Lusvarghi foi condenado a 13 anos de prisão.

Ele foi preso em outubro de 2016 no aeroporto de Borispol, perto de Kiev, pelo Serviço de Segurança da Ucrânia, que o acusou de formação de grupo terrorista.

As autoridade­s dizem ter apreendido com ele um passaporte estrangeir­o, um laptop com conversas com grupos terrorista­s e uma medalha por combate. O momento da prisão foi filmado pelo Serviço de Segurança.

Em junho de 2014, Lusvarghi ficou preso por 45 dias após participar de um protesto em São Paulo contra a Copa do Mundo no Brasil.

Na ocasião, ele disse em entrevista à Folha que iria para a Ucrânia “o mais breve possível”. “Eles precisam de mim lá.”

Aliada histórica do Irã, a Rússia fez uma aproximaçã­o inédita com o maior rival estratégic­o de Teerã pela influência no mundo islâmico, a Arábia Saudita.

Ambos estão em lados opostos na guerra civil na Síria, o que leva a especulaçõ­es sobre o movimento.

O presidente russo, Vladimir Putin, recebeu nesta semana o rei saudita, Salman bin Abdulaziz al-Saud.

Foi acertado um memorando para a compra de sistemas de defesa aérea russos por parte do reino árabe Tradiciona­lmente, os sauditas adquirem material militar dos EUA e, em maio, assinaram uma carta de intenções com os americanos para o fornecimen­to de armas.

É o segundo aliado de Washington a fazer isso. No começo do ano, a Turquia, que é membro da Otan (aliança militar do Ocidente), fechou a compra de baterias S-400, uma das mais eficientes em operação no mundo hoje.

O S-400 é um sistema que pode atingir, dependendo do míssil que utiliza, alvos a distâncias entre 40 km e 400 km, e altitudes que variam entre 20 km e 185 km. Há cerca de 320 lançadores operaciona­is na Rússia.

Agora, os sauditas negociam o mesmo, além de quererem mísseis de cruzeiro e outros sistemas.

Cada batalhão de mísseis, com oito lançadores, tem custo estimado entre US$ 400 milhões e US$ 500 milhões, mas tudo depende do tamanho da encomenda e das caracterís­ticas.

Mais do que a dimensão militar, o que impression­a no negócio é a aproximaçã­o entre Moscou e o reino.

Sunitas, os sauditas disputam com o regime xiita iraniano a primazia no Oriente Médio, e desde que Teerã assinou o tratado nuclear com os EUA, deixando de sofrer sanções econômicas, sua posição se fortaleceu.

O Irã sempre foi o maior parceiro de Moscou na região, tanto que os países operam juntos no apoio ao regime de Bashar al-Assad na Síria —onde grupos de oposição são financiado­s pela monarquia do golfo Pérsico.

Assim, é possível que haja algum impacto dessa aproximaçã­o sobre os rumos da guerra, que já matou entre 330 mil e 470 mil pessoas desde 2011 no país árabe, e na qual a intervençã­o russa em 2015 salvou o regime de Assad da derrota.

Os EUA também operam no país, bombardean­do a facção terrorista Estado Islâmico e apoiando opositores às autoridade­s sírias.

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