Premiê da região pode declarar na 3ª independência
DE MADRI
Adiando ainda mais a polêmica declaração de independência, o presidente catalão, Carles Puigdemont, se propôs a comparecer ao Parlamento regional na terça-feira (10). Era até então esperado que ele o fizesse um dia antes, na segunda (9).
A reunião foi confirmada pelos legisladores e está agendada para as 18h locais (13h em Brasília). Puigdemont pode aproveitar a oportunidade para declarar a separação total da Catalunha, hoje um território espanhol com alguma autonomia, incluindo uma polícia própria.
O pedido de adiar a sessão está ligado a uma decisão do Tribunal Constitucional, que na véspera havia suspendido a plenária de segunda.
Essa mesma corte havia também vetado o próprio plebiscito separatista do dia 1º, o que não foi cumprido pelas autoridades catalãs. A consulta contou com 2,2 milhões de votos, o equivalente a 42% do eleitorado local, e o “sim” para a independência recebeu 90% dos sufrágios. O resultado definitivo do voto foi divulgado na sexta (6).
A declaração unilateral de independência, se ocorrer na semana que vem, levará a crise espanhola a seu ápice. O governo central não reconhecerá a separação catalã, tampouco a União Europeia, bloco do qual uma Catalunha independente ficaria de fora.
Puigdemont pode ser detido pelo Estado espanhol e responder a uma série de acusações, incluindo uso irregular de fundos públicos. O projeto separatista, no entanto, tem sofrido uma série de golpes nos últimos dias.
Bancos e empresas anunciaram que vão deixar a Catalunha. O CaixaBank, terceiro maior da Espanha, decidiu mudar sua sede para Valencia, e o banco Sabadell, para Alicante. Já a gigante energética Gas Natural Fenosa vai se transferir para Madri.
Outro revés foi a declaração do ex-presidente catalão Artur Mas ao “Financial Times” de que a Catalunha não está preparada para a “independência real”. “Para ser independente, há algumas coisas que ainda não temos.” (DB)