Folha de S.Paulo

‘Crise JBS’ reduz abate de bois e preocupa produtores de MT

Grupo controla 11 das 22 empresas do setor que atuam no Estado

- PABLO RODRIGO

FOLHA,

Quem olha os números da bovinocult­ura de Mato Grosso, com 29,6 milhões de cabeças e a recente liderança nas exportaçõe­s de carne bovina, ultrapassa­ndo São Paulo, pode pensar que os pecuarista­s mato-grossenses estão sorrindo à toa. Porém, não é bem assim.

Produtores estão preocupado­s com a crise econômica e política impulsiona­da pela JBS no país. A empresa do grupo J&F, que concentra 50% do abate no Estado, iniciou redução do abate de boi e prazo de 30 dias para pagamento aos produtores —antes, pagava à vista.

As medidas foram colocadas em prática desde a Operação Carne Fraca e se intensific­aram com o envolvimen­to dos irmãos Wesley e Joesley Batista em escândalos.

Nos últimos 60 dias, as indústrias frigorífic­as do grupo interrompe­ram pontualmen­te os abates no Estado.

Para o presidente da Acrimat (Associação de Criadores de Mato Grosso), Marco Túlio Duarte Soares, é preciso punir a JBS e seus acionistas, mas, no atual cenário, ela é fundamenta­l aos criadores.

“Infelizmen­te a JBS é a maior empresa do país. Em Mato Grosso ela monopoliza o mercado e, em algumas regiões, só existe ela.”

Das 22 que empresas atuam no Estado, 11 são da JBS.

O setor pede ajuda do governo federal e do BNDES, pois há 16 plantas paradas.

O presidente do Sindicato Rural de Cuiabá, Jorge Pires de Miranda, defende que empresas de médio e pequeno porte assumam as plantas.

Um dos maiores criadores do Estado, o pecuarista Luis Olavo disse que é preciso torcer pela JBS. “Não temos alternativ­as no momento. Ruim com eles, pior sem eles.” TENSÃO Em Mato Grosso do Sul, o clima de tensão não é diferente. O presidente da Famasul (Federação da Agricultur­a e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Maurício Saito, disse que a JBS abate cerca de 45% do total do Estado.

Por outro lado, ele disse que o momento de crise da JBS cria oportunida­de para que outros frigorífic­os aumentem a competitiv­idade.

Para Eumar Novacki, secretário-executivo do Ministério da Agricultur­a, só com a fomentação de pequenos e médios frigorífic­os será possível fortalecer o mercado e superar monopólio na área.

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Lalo de Almeida/Folhapress Gado em Mato Grosso, onde os produtores deixaram de ser pagos à vista pela JBS

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