3ª Marcha pela Ciência ocorre domingo em SP
Seguindo a linha dos protestos anteriores, corte de verbas para pesquisas é o mote
DE SÃO PAULO - Nesta sexta (6) aconteceu em São Paulo, na sede do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), um debate sobre o impacto da crise de financiamento na pesquisa científica. O evento é resultado de parceria entre Cebrap e Folha, e foi mediado pelo repórter especial Marcelo Leite.
Para um dos debatedores, o neurocientista Stevens Rehen, um dos problemas é a falta de porta-vozes da ciência que consigam de fato tocar as pessoas. Outro ponto é a grande burocracia de instituições brasileiras.
Já para o diretor científico da Fapesp, Carlos Henrique de Brito Cruz, uma das questões que ainda requerem resposta é como os cientistas devem justificar para a sociedade, que banca os gastos com pesquisa, a importância desse investimento.
Acontece neste domingo (8), em São Paulo, a terceira edição da Marcha Pela Ciência. A concentração será em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo), na avenida Paulista, a partir das 15h.
Após duas edições com baixo comparecimento, a expectativa é que o ato deste domingo atraia mais pessoas.
“Estamos aprendendo ainda, mas para esta marcha tivemos mais divulgação na imprensa e nas redes sociais, e juntamos esforços com a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e a Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo”, diz Marcos Buckeridge, professor da USP e presidente da Academia de Ciências do Estado de São Paulo.
A USP, a Unicamp e diversos divulgadores de ciência também apoiam a iniciativa.
Segundo Buckeridge, os cortes no orçamento federal da ciência e a previsão do orçamento de 2018 para a área são o principal motivo da manifestação. “Os cortes foram tão grandes que eles realmente começam a ameaçar a ciência com um desmonte.”
Além disso, a situação dos institutos de pesquisa paulistas é motivo de preocupação. “Eles são a ponte entre a ciência básica produzida na universidade e a aplicação desse conhecimento. Nos últimos anos, eles foram completamente sucateados”, diz Buckeridge.
Segundo o professor da USP, os institutos somam, juntos, cerca de 1.500 cientistas, mas deveriam ter 2.500. DE SÃO PAULO - A reportagem “Ciência sem Fronteiras põe só 3,7% dos alunos em instituições ‘top’”, publicada nesta Folha, foi premiada, nesta quinta (5), no Prêmio Estácio de Jornalismo, na categoria jornalismo impresso nacional.
No texto de junho de 2016, a repórter Sabine Righetti —que colabora com o jornal, e é a responsável pelo blog Abecedário e pelo RUF (Ranking Universitário Folha)— mostrava o pequeno número de estudantes que foram, pelo programa Ciência sem Fronteiras, para alguma das 25 melhores instituições de ensino superior do mundo, como Harvard (EUA) ou Oxford (Reino Unido), segundo o ranking Times Higher Education.
Neste ano o prêmio teve recorde de inscritos, com 386 trabalhos ao todo.