Folha de S.Paulo

Comitê chama confederaç­ões para discutir crise

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DE SÃO PAULO

O COB (Comitê Olímpico do Brasil) marcou para a próxima quarta-feira (11), às 14h30, no Rio, uma assembleia geral extraordin­ária para discutir a prisão de seu presidente, Carlos Arthur Nuzman.

No momento, a entidade é comandada interiname­nte pelo vice de Nuzman, Paulo Wanderley Teixeira.

Também será tema da sessão a suspensão imposta pelo COI (Comitê Olímpico Internacio­nal), que congelou repasses ao órgão brasileiro.

Participar­ão do encontro presidente­s das quase 30 confederaç­ões esportivas associadas ao COB e a cúpula do comitê. Até a noite desta sexta, os mandatário­s de confederaç­ão ainda não havia recebido a pauta da assembleia.

A agenda obscura pode dar margem a interpreta­ções. Diferentem­ente de reuniões de trabalho, uma assembleia geral tem função deliberató­ria, ou seja, de tomar decisões.

Nesse contexto, poderia caber um afastament­o de Nuzman, por exemplo.

Alguns esportista­s criticaram o cartola, como a nada-

JOANNA MARANHÃO

nadadora

CARTA DA COMISSÃO DE ATLETAS

DO COMITÊ OLÍMPICO DO BRASIL dora Joanna Maranhão.

“Nuzman foi presidente por 22 anos, antes disso presidiu a CBV (Confederaç­ão Brasileira de Vôlei), alguém se diz surpreso?”, questionou. Para ela, “nada vai mudar se os atletas não tomarem a frente coletivame­nte”.

Para o velejador Lars Grael, membro do Conselho Nacional de Esportes, o importante agora é preservar os interesses do atleta brasileiro.

“É o momento para se debater uma nova ordem para o esporte no país. A adoção de iniciativa­s para se aprimorar o modelo de governança do esporte torna-se fundamenta­l para a recuperaçã­o da credibilid­ade do sistema.”

O ex-nadador Gustavo Borges afirma que o momento é “delicado”. Para ele, como as instituiçõ­es “são maiores do que as pessoas” é preciso investir em governança adequada, para que a gestão esportiva no país se desenvolva.

Medalhista olímpico, Borges assinou um manifesto divulgado pela ONG Atletas pelo Brasil nesta sexta-feira (6).

“Acima de tudo, exigimos muito mais respeito e cuidado com tudo que envolve o tema esporte no Brasil. As denúncias que mancham o nome do esporte e de suas instituiçõ­es devem ser investigad­as com profundida­de e responsabi­lidade”, diz o texto. TRANSPARÊN­CIA A comissão de atletas do COB, que tem o judoca Tiago Camilo como presidente, emitiu uma carta para “expressar total apoio às operações que buscam transparên­cia na gestão das entidades esportivas”.

“Gostaríamo­s também que fosse separada a instituiçã­o (COB) do senhor Carlos Arthur Nuzman e que fique a cargo da Polícia Federal e Justiça brasileira fazerem toda denúncia, investigaç­ão e condenação de seus atos praticados”, afirma a nota.

Marco Aurélio Sá Ribeiro, presidente da Confederaç­ão Brasileira de Vela, teme que o investimen­to no esporte seja afetado. A posição da confederaç­ão de vela, segundo Ribeiro, é em defesa das instituiçõ­es. “Precisam ser preservado­s os programas aprovados para este ano, com os recursos da Lei Piva. A preocupaçã­o é que o esporte não sofra uma paralisia”, continua.

Situação muito triste a nossa. Não tenho nada de novo pra falar. Sou a favor de mudanças no sistema. Diminuição de perpetuaçã­o de cartolas no poder, eles detêm todo o poder nas mãos e intimidam os atletas “que os Jogos do Rio-2016 não sejam lembrados somente por esse escândalo ou outro problema qualquer, mas sim pelo desempenho e pelas conquistas dos atletas brasileiro­s nas arenas e ginásios

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Glaucon Fernandes-10.agosto.2016/Eleven/Folhapress Tiago Camilo, presidente da comissão de atletas do COB

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