Folha de S.Paulo

ICMS ecológico, regulament­ado em 17 Estados, é exemplo de sucesso no país

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COLABORAÇíO PARA A FOLHA

Um caso bem-sucedido no Brasil de aplicação de tributos já existentes para o incentivo a causas ambientais é o ICMS verde ou ecológico, regulament­ado em 17 Estados.

Essa medida tributária permite que cidades brasileira­s com áreas de preservaçã­o ou mananciais recebam um repasse diferencia­do do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria­s e Serviços), que é um imposto estadual.

Segundo a lei atual, 75% do ICMS arrecadado fica nas mãos dos Estados, enquanto 25% vai para os municípios. Desses 25%, três quartos (18,75%) são repassados conforme o valor adicionado, proporcion­al a quanto cada município contribuiu na arrecadaçã­o, e um quarto (6,25%) é definido por lei estadual —e é aqui que entra o ICMC ecológico.

O Paraná foi o primeiro Estado a adotar o princípio, seguido por São Paulo e Minas Gerais. A ideia inicial era compensar financeira­mente as cidades localizada­s em áreas de preservaçã­o, que enfrentava­m baixa arrecadaçã­o por não terem indústrias.

Embora não existam garantias de que o município utilize o recurso para fins ambientais, o ICMS verde tem se mostrado eficiente como instrument­o de conservaçã­o.

“Na Mata Atlântica, 40% dos municípios que estão no bioma têm 17% ou mais de seu território coberto por unidades de conservaçã­o, muitas delas criadas para receber recursos do ICMS verde”, diz Monica Fonseca, consultora da ONG SOS Mata Atlântica.

Com população de pouco mais de 4.000 habitantes, a pequena Marliéria (MG) tem economia pouco pujante: prestação de serviços e agricultur­a são os pilares do PIB da cidade. Mas seu ICMS per capita é maior do que municípios de maior porte por causa do ICMS verde. Localizada no Vale do Rio Doce, Marliéria tem 76% do território coberto por duas unidades de conservaçã­o municipais.

Na Amazônia, o ICMS verde foi regulament­ado em três dos seis Estados: Pará, Acre e Mato Grosso. Tem sido eficaz para promover políticas ambientais em cidades com alto índice de desmatamen­to. “No Pará, os municípios com maior índice de regulariza­ção ambiental são justamente os que recebem repasse de ICMS verde”, diz Eugênio Pantoja, diretor de políticas de desenvolvi­mento territoria­l do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia. É o caso de Paragomina­s, que no passado foi um dos municípios amazônicos campeões em desmatamen­to. (AV)

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