Folha de S.Paulo

Sugestões incluíram taxa do lixo e pedágio urbano

- WILLIAN VIEIRA

FOLHA

Alguns palestrant­es defenderam, no 2º Fórum de Economia Limpa, taxas impopulare­s, como a do lixo e o pedágio urbano.

O economista Marcos Lisboa, colunista da Folha, disse que um imposto verde ideal seria cobrar pelo uso da rua. “Os carros são a principal fonte de poluição das cidades. Quanto mais usar a rua, mais se paga. Vai ser duro para nós, da elite, porque é mais fácil ter dois carros, mas o pedágio urbano ajusta o trânsito e induz investimen­tos em transporte coletivo.”

Lisboa afirmou que o pedágio urbano foi colocado com sucesso em Londres e Cingapura, mas virou “tabu aqui”. “Precisa discutir isso.”

Gabriela Otero, coordenado­ra técnica da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, argumentou a favor da taxa do lixo. “Ninguém gosta e nenhum político quer ouvir, mas se pagamos conta de luz, água, de celular, de internet, por que não pagamos a conta por um serviço adequado de limpeza pública?”.

No Brasil, a coleta de lixo é obrigação do município, que geralmente banca seu custo a partir da cobrança de outros impostos, como o IPTU. O problema, segundo Gabriela, é que a arrecadaçã­o tem diminuído a cada ano, o que leva à redução do dinheiro destinado à limpeza.

Gabriela levantou duas possibilid­ades de cobrança: taxar pelo número de pessoas por imóvel ou cobrar do cidadão pelo lixo que ele gera. Calcula-se, por exemplo, o tamanho máximo das lixeiras do edifício. Se for gerado mais que o previsto, o morador paga pela diferença. “A pessoa acaba consumindo menos.”

Em São Paulo, a taxa criada para a coleta pela então prefeita Marta Suplicy causou tanta polêmica que lhe rendeu o apelido de “Martaxa”. Marta reconheceu, na campanha passada à prefeitura, que a cobrança foi um erro.

Para Victor Bicca, presidente do Compromiss­o Empresaria­l para a Reciclagem, o brasileiro não aguenta mais pagar imposto. Ele defende uma gestão melhor do dinheiro já arrecadado.

Bicca citou a CPMF, imposto para a saúde, que, segundo ele, não teria chegado ao setor e acabou cancelada. “Tenho receio da cobrança de uma taxa de resíduos, que, por falta de gestão, não chegue aonde deveria chegar.”

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