Folha de S.Paulo

Alvo de inquérito sobre Temer atua sem contrato em porto

Grupo Rodrimar está ‘sem respaldo’ para operar terminal, afirma governo

- FELIPE BÄCHTOLD

O Ministério Público suspeita que dirigentes da companhia tenham negociado propina para o presidente, que nega

Pivô da mais recente investigaç­ão aberta sobre o presidente Michel Temer, o grupo Rodrimar ocupa uma área no porto de Santos “sem respaldo” de contrato com o poder público, segundo o governo federal, e tem autorizaçã­o apenas de liminares para atuar em outros dois terminais.

Os contratos do grupo em três setores do porto expiraram em 2013 e 2014, o que obrigou a empresa a buscar medidas judiciais para continuar operando. O plano do governo federal, ainda na gestão Dilma Rousseff, era licitar e fazer novos contratos nas áreas ocupadas pela companhia no litoral paulista.

Documento de consultori­a jurídica do governo Temer, anexado aos autos do inquérito, diz que o terminal operado pela empresa Pérola, da qual a Rodrimar é sócia com parceiros dinamarque­ses e canandense­s, não tem mais contrato vigente. “Pode-se supor que a empresa está ex- plorando a área irregularm­ente”, diz o texto.

O contrato original tinha sido firmado em 1999 e expirou em 2014. A empresa então pediu a extensão do acordo como compensaçã­o por ter tido suas operações prejudicad­as devido a um vendaval ocorrido em 2009.

Havia a possibilid­ade de firmar um contrato de transição com a empresa, mas isso não ocorreu. O terminal de granéis da Pérola tem área equivalent­e a três campos de futebol.

A defesa de Temer juntou a informação da suposta irregulari­dade ao inquérito para mostrar que há um distanciam­ento entre a Rodrimar e o governo do peemedebis­ta.

O Ministério Público Federal suspeita que dois dirigentes da companhia tenham negociado propina para o presidente e que a empresa tenha sido beneficiad­a em um decreto presidenci­al que alterou regras de portos, assinado em maio. Todos negam.

Esse decreto abriu a possibilid­ade de prorrogaçã­o de contratos de empresas que atuam em portos públicos pelo país, caso da Pérola.

O ex-assessor de Temer e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) foi gravado em intercepta­ções telefônica­s defendendo a ampliação do alcance do decreto, o

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