Folha de S.Paulo

Merkel cede e limita entrada de refugiados

Acordo firmado entre partidos conservado­res prevê máximo de 200 mil recebidos por motivos humanitári­os

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Chanceler da Alemanha era contra medida, mas precisa mudar posição para viabilizar coalizão em novo governo

A chanceler alemã, Angela Merkel, aceitou neste domingo (8) colocar um limite no número de pessoas aceitas no país por ano por motivos humanitári­os. O limite era uma exigência da União Democrata Cristã da Baviera (CSU), tradiciona­l parceira de seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), para continuar no governo.

O acordo foi alcançado após sete horas de conversas. O limite proposto é de 200 mil refugiados por ano.

Não se sabe se houve acordo sobre outras divergênci­as entre os partidos _como as aposentado­rias e a reforma da União Europeia. Uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira deve anunciar o resultado das conversas.

Merkel foi eleita para um quarto mandato em eleições em 24 de setembro, mas seu partido saiu enfraqueci­do por avanços obtidos por legendas da direita, como o nacionalis­ta anti-imigração Alternativ­a para a Alemanha (AfD).

Agora, ela precisa formar uma coalizão entre seu bloco conservado­r e outros dois partidos, o liberal FDP e os Verdes. O prazo é de um mês após as eleições.

A CDU e a CSU formam um bloco parlamenta­r há décadas, mas têm divergido desde que Merkel adotou a política de portas abertas diante de uma onde de refugiados chegando ao país em 2015.

A maioria dos refugiados entrou na Alemanha pelo Estado da Baviera, mas depois o grupo foi distribuíd­o entre os demais Estados por sistema de cotas.

A CSU vinha exigindo um limite no número de refugiados recebidos, mas a chanceler resistia, alegando que tal medida iria contra a lei fundamenta­l do país, que garante o direito de asilo a qualquer pessoa que enfrente perseguiçã­o.

“Queremos atingir o número total de pessoas recebidas por motivos humanitári­os (refugiados e requerente­s de asilo, aqueles sujeitos a proteção subsidiári­a, membros de família e relocações, excluindo deportaçõe­s e saídas voluntária­s de futuros refugiados) que não excedam 200 mil pessoas por ano”, diz o texto do acordo. “BOM DIA” Scheuer, após o término das conversas.

A medida pode não ser aceita pelos Verdes _de cuja anuência Merkel necessita para formar uma coalizão viável.

“Trata-se de um acordo entre a CDU e a CSU e está longe do resultado das conversas exploratór­ias para uma coalizão com o FDP e os Verdes”, disse a líder dos Verdes, Simone Peter.

A Alemanha diz, porém, que o limite é facilmente atingível, já que no ano passado o número de pessoas que chegou no país caiu para cercade de 280 mil, contra cerca de 900 mil no auge da crise.

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