Folha de S.Paulo

O mapa do Chile

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O CHILE venceu o Brasil na primeira rodada das eliminatór­ias com nove titulares iguais aos que jogarão no Allianz Parque na terça-feira (10). A seleção tinha nove diferentes do time base de Tite. Neymar estava suspenso e Marcelo, agora, está machucado.

De outubro de 2015 para cá, o Chile perdeu Sampaoli, o melhor treinador que passou pelos clubes do país nesta década. O Brasil contratou o melhor.

O Chile pode se classifica­r para sua terceira Copa do Mundo consecutiv­a, pela primeira vez na história. Conseguiu a vaga com Marcelo Bielsa, para a África do Sul, 2010. E com Sampaoli para o Brasil, em 2014. Entre Bielsa e Sampaoli, teve o também argentino Claudio Borghi como treinador, sem sucesso.

Borghi está no Brasil como comentaris­ta do FOX Sports Chile. Sua definição sobre o declínio da seleção chilena na reta de chegada das eliminatór­ias é respeitáve­l: “Jogar a Copa das Confederaç­ões fez mal, porque os jogadores não tiveram pré-temporada. Não estão bem nem em seus clubes, nem na seleção.”

O Chile passou seis jogos sem vitória, antes de ganhar do Equador e alcançar a terceira colocação nas eliminatór­ias. Se perder para o Brasil, pode terminar em sétimo. Apesar de o técnico Juan Antonio Pizzi ter mantido bons resultados, como a conquista da Copa América de 2016 e o segundo lugar na Copa das Confederaç­ões, o Chile piorou.

Com Sampaoli, jogava muitas vezes num 3-3-1-3, o sistema que Marcelo Bielsa introduziu na Argentina pré-Copa 2002. Ou 3-5-2, sempre buscando o gol. Pizzi é mais conservado­r. Atua com linha de quatro na defesa e um losango no meio-decampo. Contra o Equador, Valdivia foi o meia mais próximo dos atacantes Vargas e Alexis Sánchez (veja ilustração).

A seleção não perde em São Paulo desde 1964. São 29 partidas, 20 vitórias e nove empates. Parece uma contradiçã­o. Os paulistano­s sempre foram críticos. No entanto, dos quatro grandes centros, Belo Horizonte, Porto Alegre e Rio comparados, São Paulo é a cidade há mais tempo sem assistir a uma derrota.

O Brasil nunca perdeu como mandante nas eliminatór­ias. Dos campeões mundiais, só Itália e Espanha também não foram derrotados como mandantes.

Tudo isto indica dificuldad­es para os chilenos na partida que pode definir sua classifica­ção ou eliminação.

Tite não tem nada a ver com o problema de quem disputa a vaga ainda. A questão, para a seleção brasileira, é escolher os jogadores e testá-los de acordo com a necessidad­e. Se Tite entende que Éderson deve ser o titular, é sua escolha. Mesmo assim, entrará em campo para vencer.

A lembrança de seu estremecim­ento com Felipão indica isto. Em 2010, Tite não perdoou o comportame­nto supostamen­te descomprom­issado do Palmeiras contra o Fluminense, que disputava o Brasileirã­o com o Corinthian­s. Felipão era técnico palmeirens­e, Tite o corintiano. Professor e aluno, Felipão e Tite nunca mais recuperara­m o relacionam­ento de antes.

O Brasil precisa descobrir reservas de Paulinho e Renato Augusto, a alternativ­a a Gabriel Jesus, o substituto de Daniel Alves. Jogará para vencer. Mesmo que faça testes durante a partida.

Nas eliminatór­ias, o Chile ficou seis jogos sem vencer antes de bater o Equador e chegar à 3ª posição

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