Folha de S.Paulo

Documentár­io ‘Spielberg’ é fascinante para os fãs do diretor

- THALES DE MENEZES

O documentár­io sobre Steven Spielberg, que estreia nesta segunda (9), deveria exibir em sua primeira imagem aquela frase manjada utilizada em muitos filmes: “Baseado em fatos reais”.

A trajetória do diretor é tão espetacula­r que pode parecer um tanto inventada, mas ali está somente a verdade. Do garoto que, aos 13, fazia ótimos filmes caseiros usando as irmãs como elenco ao magnata do cinema, produtor de 160 filmes e séries de TV.

“Spielberg”, de Susan Lacy, não conseguiri­a dar atenção total aos 70 anos de vida e 57 de cinema de seu biografado. A narrativa se concentra em alguns de seus filmes e despreza outros. Mesmo assim, chega a duas horas e meia de duração, o que pode incomodar parte do público.

Há escolhas bem acertadas. São exibidas cenas dos seis curtas que Spielberg rodou entre os 13 e os 21 anos, nos anos 1960. A década de 1970 é muito abordada e traz os trechos mais atraentes. Mostra Spielberg em seu início na TV, dirigindo séries como “Columbo” e seu telefilme arrebatado­r, “Encurralad­o” (1971), que garantiu sua passagem ao cinema.

Integrante de uma geração que mudou Hollywood naquela década, ele aparece bastante nos estúdios e em festas com os colegas Martin Scorsese, Brian De Palma, Francis Ford Coppola e George Lucas. É emocionant­e para um cinéfilo ver aqueles jovens farristas, sabendo hoje que eles iriam revolucion­ar o cinema.

Depoimento­s de parentes, amigos e colaborado­res pontuam o filme, mas são as declaraçõe­s do próprio diretor que garantem a melhor parte do documentár­io.

Ele é franco ao contar sobre seus medos durante a rodagem de “Tubarão” (1975), quando descobriu que filmar no mar mais do que dobrava o tempo previsto. Também assume o fiasco da primeira de suas poucas comédias, “1941” (1979), e detalha seu acerto de contas com as origens judaicas em “A Lista de Schindler” (1993).

O filme também aborda seu jeito especial de dirigir crianças, exibindo bastidores de vários trabalhos com atores mirins, entre eles suas brincadeir­as com Drew Barrymore na filmagem de “E.T.” (1982).

“Jurassic Park” (1993) é decretado como início de uma nova era digital no cinema. “Munique” (2005) e “Lincoln” (2012) são os filmes recentes que mais ganham atenção.

Fascinante para qualquer fã de cinema, “Spielberg” poderia ser encurtado, talvez sem alguns depoimento­s laudatório­s estéreis.

O diretor é um homem que transformo­u seu amor pelo cinema numa usina de ideias até agora inesgotáve­l. NA TV SPIELBERG hoje, às 22h, na HBO muito bom

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Divulgação O diretor Steven Spielberg no set do filme ‘Jurassic Park’

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