Folha de S.Paulo

Abrir conta em outro país só vale para quem quer aplicar grande valor

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DE SÃO PAULO

Quem quer aplicar em ativos no exterior pode ir além dos fundos. Uma outra alternativ­a para o investidor é abrir uma conta em banco ou corretora no exterior e aplicar por conta própria, mas é preciso ficar de olho nos custos.

“Normalment­e, os fundos são criados para investidor­es menores ou que não teriam condições de fazer uma remessa para fora ou abrir conta lá”, afirma Jan Karsten, da gestora GPS.

Manter essas contas podem custar US$ 2.000 por ano, valor pouco acessível ao pequeno investidor.

A questão tributária também pesa, complement­a Joelson Sampaio, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas). “O investidor que quiser investir diretament­e lá fora tem que estudar as regras de cada lugar, como se dá a incidência de impostos.”

No Brasil, há ETFs (fundos que replicam índices de Bolsa) que espelham o indicador americano S&P 500. É uma forma de acompanhar o desempenho do principal índice da Bolsa americana —no ano, a alta é de 10,6%. A taxa de administra­ção é menor, em torno de 0,5% ao ano, explicada pela gestão passiva.

O investidor consegue comprar BDRs (ativos emitidos no Brasil com lastro em ações estrangeir­as) de empresas de tecnologia, mas pode sair caro. Um BDR da Alphabet, dona do Google, valia R$ 125,8 na sexta-feira (6). O do Facebook saía por R$ 270,23.

A liquidez é um risco tanto para o BDR quanto para o ETF. Se precisar do dinheiro antes do tempo, o investidor pode ter que vender pelo valor negociado no dia. RENDA FIXA No caso de aplicações conservado­ras, os juros ainda em patamar elevado aqui quando comparados a outros países pesam a favor do Brasil.

“O Brasil ainda é um dos poucos lugares do mundo com juros interessan­tes. Não existe outro país civilizado e com instituiçõ­es que funcionem que pague juros maiores que o Brasil”, afirma Enio Shinohara, do BTG Pactual.

“Não há ainda demanda para título internacio­nal pelo nosso nível de juros aqui”, diz Luiz Felipe Santos, da BNP Paribas Asset Management.

Na Alemanha e no Japão, por exemplo, títulos soberanos (emitidos pelo governo) têm juros negativos. Ou seja, o investidor precisa pagar para manter esses papéis.

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