Folha de S.Paulo

Vitório e Obama

- NIZAN GUANAES COLUNISTAS DA SEMANA segunda: Marcia Dessen; terça: Nizan Guanaes; quarta: Alexandre Schwartsma­n; quinta: Laura Carvalho; sexta: Nelson Barbosa; sábado: Marcos Sawaya Jank; domingo:

AJUDEI A organizar um pequeno jantar no Fasano para o presidente Barack Obama. Admiro muito a política e acho que ela é o caminho, embora não tenha a menor vocação para ela. Tenho toda a vocação para a diplomacia e procuro praticá-la. Sempre busco promover o Brasil no exterior e receber o mundo para conversar.

Donata e eu recebemos em nossa casa ou então no Fasano, porque no Fasano é possível mostrar o Brasil do trabalho sério e talentoso de imigrantes que chegam com bolsos pequenos e sonhos grandes. Lá podemos mostrar o potencial dessa nação que se realiza em pílulas, mas que um dia se realizará por inteiro.

O jantar para Obama foi um evento pequeno, para dez pessoas, com nomes escolhidos a dedo por seu staff, para que o presidente pudesse ter uma visão interessan­te do Brasil.

Gente inteligent­e como a economista­ReginaNune­s,queconhece­este país e seus números como ninguém; como o professor e cientista José Goldemberg, de quem Obama sabia tudo; e rostos jovens como o de Juliana de Faria, do Think Olga, ONG que luta pelo empoderame­nto da mulher. Eles encheram nossa mesa de energia, com uma conversa fluente e jovem, porque Obama tem olhar à frente e quer falar com jovens e representa­ntes do terceiro setor.

Foi uma noite de muita emoção, dessas que a gente não quer que acabe. Para mim, o momento mais emocionant­e foi quando o pequeno Vitório Fasano, filho de Rogério, subiu com os pais para cumpriment­ar o presidente americano.

A admiração e a emoção de Vitório por Obama eram tocantes. Ele ali representa­va os jovens de todo o mundo, que olham para as pessoas de minha geração a procura de líderes, de caminhos, de exemplos, de respostas, de esperança.

Vitório era ali Antonio, Zeca e Helena, meus filhos, que não pagam pau para ninguém, mas que estavam babando pelo cara. Vitório ali era bilhões de jovens menos afortunado­s que ele e que têm em Obama um raro exemplo. Era a jovem engenheira de Perus, que se ajoelhou na frente do carro da comitiva de Obama porque queria conhecer seu grande ídolo.

Este mundo precisa tanto de Obamas. Os jovens precisam de estudo, de empregos, de oportunida­des, de caminhos. Porque senão podem ir ao crime, ao radicalism­o ou a lugar nenhum. Isso era o que os olhos de Vitório tinham a pedir para Obama.

Produzir exemplos, lideranças e conteúdos que inspirem os jovens é o desafio de minha geração nesta perigosa encruzilha­da de polarizaçã­o, radicalism­o e falta de diálogo. Precisamos conversar com boa vontade e compreensã­o diante dos argumentos alheios.

O (principal) caminho é a política. E é por isso que estou apoiando a iniciativa RenovaBR, organizada e lançada por Eduardo Mufarej para estimular jovens de talento e ética a entrarem na política brasileira. Para renová-la.

O Evangelho fala nos homens de boa vontade. Só construire­mos o futuro com boa vontade, inclusive na política. O RenovaBR ainda não está pronto e não tem todas as respostas. Mas é o Brasil procurando saídas às suas encrencas. Não é um bando de ricos querendo projeto de poder ou espalhando a cartilha liberal. O que Eduardo Mufarej quer fazer, e eu aplaudo e apoio, é incentivar gente jovem a entrar na política.

Eduardo, que morou muitos anos nos Estados Unidos, trouxe de lá a cultura cívica da qual Obama é o principal evangelist­a. Obama e sua fundação, Eduardo Mufarej e seu sonho, vocês têm em mim um homem de boa vontade para construir um mundo melhor para Antonios, Josés, Marias, Fátimas e Vitórios do mundo inteiro.

Produzir exemplos, lideranças e conteúdos que inspirem os jovens é o desafio de minha geração

NIZAN GUANAES,

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