Brasil e África, parceria natural
Tenciono aprofundar esse processo nesta viagem que farei a importantes parceiros nossos: Gana, Nigéria, Costa do Marfim e Benin
As relações com a África constituem prioridade permanente da política externa brasileira. Cinco meses após ter visitado África do Sul, Botsuana, Maláui, Moçambique, Namíbia e São Tomé e Príncipe, realizarei novo périplo pelo continente, visitando, entre 11 e 16 deste mês, outros importantes parceiros do Brasil: Gana, Nigéria, Costa do Marfim e Benin.
Além disso, participarei de reunião da OMC (Organização Mundial do Comércio) no Marrocos e de reunião ministerial do fórum Ibas (Índia, Brasil e África do Sul) na África do Sul. Em julho, durante a presidência pro-tempore da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), organizamos reunião ministerial em Brasília, quando me reuni com representantes de seis países africanos.
Além dos profundos laços humanos e culturais que nos unem, desejamos continuar a aprofundar nosso relacionamento comercial. No momento em que nossa economia dá sinais de recuperação, meu segundo périplo africano inscrevese no esforço de ampliar o diálogo político e comercial com países de grande potencial, de modo a contribuir para o processo de retomada do crescimento. O Brasil precisa consolidar sua presença no continente africano com visão estratégica, apostando no dinamismo crescente da região como parceiro prioritário na busca da prosperidade e do desenvolvimento.
Com taxas de crescimento econômico acima da média global, a África constitui um mercado que não pode ser ignorado, não apenas por sua relevância presente, mas por seu potencial futuro. O continente conta atualmente com 1,2 bilhão de consumidores, dos quais 350 milhões já integram a classe média. Em 2050, o mercado africano terá 2,5 bilhões de pessoas.
A média de crescimento do PIB africano entre 2008 e 2016 foi de 4%, e a perspectiva continua a ser de forte desempenho nas próximas décadas. As exportações brasileiras para a África somaram US$ 7,83 bilhões em 2016, em sua maior parte compostas por manufaturados (40,9%) e semimanufaturados (30%). A corrente total de comércio alcançou US$ 12,43 bilhões, com superávit em favor do Brasil de US$ 3,23 bilhões.
Muitas empresas brasileiras investem hoje em países africanos, mas creio que podemos fazer mais. Na viagem de maio, participei de seminários empresariais em Moçambique e na África do Sul. Em agosto, foram realizados seminários em Gana e na Nigéria.
Tanto a África quanto o Brasil têm grande contribuição a dar e muito a aprender por meio da cooperação técnica para o desenvolvimento.
A cooperação técnica Sul-Sul representa uma estrada de duas vias, com potencial de fomentar o desenvolvimento sustentável de nossas sociedades. O projeto “Cotton 4+Togo”, de cooperação na área de cultivo de algodão com países da África Ocidental, constitui um bom exemplo: ao contribuir para o aumento da produção de algodão africano, o Brasil também se beneficia, por meio do acesso a novos cultivares e da troca de experiências com agências governamentais e produtores africanos.
Durante minha visita, pretendo encorajar esse diálogo também em outras áreas em que o Brasil possui reconhecimento internacional, como na de políticas sociais, de modo a ampliar nossa agenda de intercâmbio de conhecimento e de melhores práticas.
A parceria entre o Brasil e a África deve ser semeada e nutrida. As bases de um relacionamento amplo, intenso e equilibrado são construídas a partir da diplomacia, do diálogo, e da aproximação entre sociedades, governos e empresários, seja em Brasília, nas capitais africanas ou em organismos multilaterais.
Tenciono contribuir para o aprofundamento desse processo nesta minha viagem. É assim que continuaremos avançando no estreitamento das margens do “rio chamado Atlântico” —na icônica imagem do africanista, acadêmico e diplomata Alberto da Costa e Silva—, gerando benefícios concretos para o Brasil e para a África, bem como para o restante da comunidade internacional. ALOYSIO NUNES FERREIRA
Sobre o artigo “Socialismo doriano por mais impostos” (Tendências/Debates, 10/10), Helio Beltrão faz uma justa crítica ao prefeito João Doria, mas escorrega ao chamá-lo de socialista. Sei que a intenção era mais criar um efeito de ironia do que ter alguma precisão conceitual. Não é de hoje, porém, que o Instituto Mises, presidido pelo autor, atribui o rótulo de “socialista” a tudo o que seus membros chamam de “estatista”, ou que recolha impostos. Cuidado com as bobagens, pois há crianças lendo.
FELIPE SILVATTI,
Denúncia contra Temer Antonio Claudio Mariz de Oliveira, na defesa de Michel Temer, manchou sua biografia de jurista reconhecido e aplaudido —não pela sua argumentação, mas pela tentativa, em linguagem chula, de desqualificar a acusação e pelo achincalhe ao Ministério Público (“Advogado diz que faltam limites à imprensa”, “Poder”, 10/10). Esteve irreconhecível!
ANTONIO RAMOZZI,
Olavo de Carvalho Ao mesmo tempo que afirma que seu voto será de Bolsonaro, Olavo de Carvalho confessa não saber bem quais são as ideias do deputado. Como pode uma pessoa com o seu retrospecto votar em alguém cujas ideias desconhece? Sobre Ciro Gome e João Doria, afirma “ter uma simpatia” por eles, mas que não votaria neles porque estão ligados a “forças internacionais”. Interessante afirmação vinda de uma pessoa que tem casa e família nos EUA (“‘A nova direita que se dane’”, “Poder”, 10/10).
ANTONIO PEDRO S. NETO
Criança do dia
Não sou o professor Raimundo, mas eu dou nota dez a Alvaro Costa e Silva (“Rio ou “Riurd?”, “Opinião”) e nota zero a Joel Pinheiro da Fonseca (“As duas morais”, “Poder”) pelo que escreveram na Folha (10/10).
MARCELO CIOTI
Muito oportuna, clara e lúcida a coluna de Joel Pinheiro da Fonseca. De um lado, os artistas que defendem uma ética de autoexpressão irrestrita, para os quais qualquer crítica é ataque. Do outro, a pessoa comum que se coloca contra a presença de crianças em determinadas exposições. Dois mundos que não se falam.
RENATA ROSSINI
Rendi-me à primeira mensagem de Vera Iaconelli (“Quando chega o bebê”, “Cotidiano”, 10/10). Sou mãe de três filhos e me senti representada por ela. Há mais de uma década venho dizendo aos pretendentes à adoção que reparo em minha região que a maternidade é um aprendizado, e não um dom nato. Parabéns à Folha pela escolha da colunista. Acho que terei uma boa parceira para o preparo dos futuros pais por adoção.
IVONE MARIA JAIME,
Moradora do centro de São Paulo há mais de dez anos, acredito no “arroz com feijão” para reabilitar a região. Não poderia ser mais “pé no chão” o artigo de Nabil Bonduki (“Centro vivo”, “Opinião”, 10/10).
MALU RAMOS
Controle de armas