Quadros de Romero Britto achados com Cabral valem R$ 146 mil, aponta perícia
Três obras apreendidas, criadas pelo artista, decoravam a casa de veraneio do ex-governador peemedebista em Mangaratiba
Os três quadros assinados pelo artista Romero Britto encontrados na casa de veraneio do ex-governador do Rio Sérgio Cabral, em Mangaratiba (RJ), valem R$ 146 mil, segundo perícia feita pela Polícia Federal em Curitiba.
O acervo em nome do artista inclui dois retratos, um do peemedebista e outro da exprimeira-dama Adriana Ancelmo, avaliados em R$ 23,6 mil e R$ 51,1 mil, respectivamente —a peça de Cabral tem dimensões menores.
As duas obras compunham a decoração do corredor das cinco suítes do segundo andar do imóvel. Estavam cada um numa lateral, um de frente para o outro.
Além deles estavam no corredor quadros assinados por Artur Barrio (R$ 24,1 mil) e Gianguido Bonfati (R$ 5.000).
O terceiro Romero Britto, e considerado o mais valioso (R$ 71,1 mil), estava no quarto de um dos filhos do casal.
A PF também avaliou outros quadros atribuídos a Carlos Vergara (R$ 42,5 mil) e Gonçalo Ivo (R$ 93 mil), que ficavam na sala de jantar, no primeiro andar.
A avaliação foi feita para que sirva como parâmetro em eventual leilão das obras para ressarcimento aos cofres públicos em caso de condenação definitiva do ex-governador do Rio.
O responsável pelo laudo é o perito Marco Antônio Geus, engenheiro mecânico que já foi dono de um antiquário e tem quase 150 obras em sua casa.
O laudo indica que ele usou como critério de avaliação o tamanho da obra, bem como o preço de venda em páginas da internet de quadros com o mesmo autor.
No documento, ele afirma que não fez uma análise da autenticidade das obras —como feita num quadro apreendido na residência do ex-diretor da Petrobras Renato Duque. Caso sejam falsas, ele afirma que o valor seria igual a zero. MANGARATIBA A casa de Mangaratiba, onde estavam os quadros de Cabral avaliados, tem preço mínimo de R$ 6,4 milhões — equivalente a 80% de sua avaliação, de R$ 8 milhões. Inicialmente o leiloeiro Renato Guedes informou que a venda seria na modalidade “porteira fechada”, com todos os objetos dentro do imóvel.
Decisão do juiz Marcelo Bretas, porém, determinou que os itens que estavam dentro da casa de veraneio de Cabral fossem objeto de um outro leilão.
O leilão da casa de Mangaratiba foi suspenso pelo Tribunal Regional Federal e não tem previsão para ocorrer. O leilão das peças de arte, bem como outros itens do imóvel, ainda não foi marcado.
Nesta quarta (11), a Justiça Federal vai leiloar bens de assessores do ex-governador, entre eles apartamentos de luxo na Barra da Tijuca.
Condenado em duas ações penais, Cabral foi denunciado pela 15ª vez pelo Ministério Público Federal nesta terça (10). A Procuradoria o acusa de receber propina do empresário Arthur César Menezes de Soares, conhecido como “Rei Arthur”. Ele é dono de empresas que acumula- ram mais de R$ 3 bilhões no governo estadual e está foragido desde setembro.
Soares também é suspeito de ter sido o responsável por quitar a propina de US$ 2 mi- lhões ao senegalês Lamine Diack, membro do Comitê Olímpico Internacional, para comprar votos na escolha do Rio como sede da Olimpíada de 2016.