Folha de S.Paulo

PF prende delegado acusado de extorquir

Ex-chefe da corregedor­ia da polícia, Mario Menin Junior é acusado de extorquir empresário­s da região de Campinas

- MARIO CESAR CARVALHO

Prisão faz parte de investigaç­ão de venda de sentença judiciais; amigos dizem que nome dele pode ter sido usado

A Polícia Federal em São Paulo prendeu nesta terça (10) o delegado da própria corporação Mario Menin Junior, sob acusação de extorsão a empresário­s da região de Campinas (SP).

Menin Junior foi preso junto com outras três pessoas, acusadas de se passarem por delegados da PF.

A informação foi antecipada pelo “Painel”.

Em nota, a Polícia Federal disse que 48 policiais cumpriram quatro mandados de prisão e 12 mandados de busca e apreensão no Estado de São Paulo.

Menin Junior chegou chorando na superinten­dência da Polícia Federal em São Paulo, segundo amigos do policial ouvidos pela Folha.

A prisão de Menin Junior deixou seus pares chocados. Ele é delegado da PF há mais 30 anos, já atuou na corregedor­ia do órgão em São Paulo investigan­do outros policiais e ocupou cargos importante­s na corporação: chefiou a delegacia contra o crime organizado em São Paulo e as operações no aeroporto internacio­nal de Cumbica (SP).

Curiosamen­te, ele foi preso a partir de uma investigaç­ão iniciada na corregedor­ia, que chefiou.

A juíza federal que decretou a prisão de Menin Junior e dos outros três homens, Valdirene Ribeiro de Souza Falcão, de Campinas, não respondeu aos questionam­entos da Folha sobre os motivos da prisão do delegado da Polícia Federal.

A instituiçã­o também não deu detalhes sobre os fundamento­s da ação.

Colegas do delegado disseram estranhar a prisão porque ele não tem o perfil típico do policial corrupto, identifica­do pelos seus pares como aquele que gosta de ostentar riqueza ou poder.

Menin Junior é extremamen­te católico, fez parte do Exército antes de ingressar na PF e, aos 53 anos, morava com a mãe num apartament­o em São Paulo.

A prisão do delegado faz parte da Operação Alcmeon, que investiga a venda de sentença judiciais no TRF (Tribunal Regional Federal) da quinta região, cuja sede fica em Recife (PE), e envolve ações da Justiça Federal em segunda instância.

Segundo procurador­es envolvidos na operação, havia a venda de sentenças da Ope-

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Rafael Hupsel - 25.fev.2008/Folha Imagem

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