A proclamação foi feita —e em seguida suspensa— no
“Pensávamos que haveria uma proclamação solene.”
A decepção transbordava nas ruas. As multidões que assistiam à declaração de Puigdemont nos arredores do Parlamento rapidamente se dissiparam. Uma hora depois, já não havia grandes mobilizações em Barcelona.
O país e governos estrangeiros aguardam agora a reação de Madri. Mesmo com a suspensão da declaração, o premiê Mariano Rajoy não descarta suspender a autonomia parcial da Catalunha e antecipar a eleição regional.
O jornal “El Mundo” diz que o gabinete de Rajoy considera a declaração catalã inadmissível e fará reunião de emergência nesta quarta.
Não existe cenário aparente em que esse conflito se dissipe rapidamente. Caso não reaja, Rajoy arrisca fortalecer o movimento separatista. Mas se usar a força, reforçará a queixa dos separatistas à repressão por Madri. PLEBISCITO Parlamento regional após semanas de tensão política.
Em 1º de outubro, catalães haviam votado em um plebiscito separatista considerado ilegal pelo governo central.
Embora a consulta tenha resultado em 90% dos votos para o “sim”, menos da metade — 43% — do eleitorado catalão participou.
Quase 900 pessoas ficaram feridas em embates com a polícia nacional espanhola.
A Catalunha já tem uma série de liberdades, como seu próprio Parlamento e sua polícia. Mas o separatismo ganhou força nos últimos anos.
No campo econômico, a separação é justificada pela pujança. Essa região corresponde a 20% do PIB espanhol, que é hoje de US$ 1,2 trilhão, e separatistas alegam que uma Catalunha independente poderia crescer mais.
Nesta terça (10), Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu (órgão Executivo da União Europeia), pediu que Puigdemont não agisse para “impossibilitar o diálogo”.