Folha de S.Paulo

Em última tentativa de separação, região foi independen­te por um dia

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DO ENVIADO ESPECIAL A BARCELONA

A declaração de independên­cia da Catalunha, feita nesta terça (10) e imediatame­nte suspensa, não tem um precedente animador.

Em 6 de outubro de 1934, o então líder catalão Lluís Companys anunciou a separação desse território, estabelece­ndo uma república —por só um dia. Companys disse à multidão na praça Sant Jaume, segundo o jornal “El País”:

“Nesta hora solene, em nome do povo e do Parlamento, o governo que presido assume as faculdades do poder na Catalunha e proclama o Estado catalão da República Federal Espanhola”.

A insurreiçã­o levou a 80 mortes, e Companys foi preso, encerrando a república. Em 1940, durante a ditadura de Francisco Franco (19391975), ele foi fuzilado. O então presidente catalão representa­va o partido Esquerda Republican­a, ao qual pertence hoje o vice-presidente catalão, Oriol Junqueras.

A história foi lembrada na segunda (9) por Paglo Casado, vice-secretário de comunicaçã­o do Partido Popular —que governa a Espanha. Ele disse que “as declaraçõe­s de independên­cia anteriores não acabaram bem”. Casado comparou o presidente catalão, Carles Puigdemont, com Companys, sugerindo que pode ter o mesmo fim. O discurso foi recebido com choque.

“Casado diz que Puigdemont pode acabar como Companys, que foi torturado e fuzilado”, escreveu Pablo Iglesias, líder da sigla de esquerda Podemos, em uma rede social. “Ou ele é ignorante, ou é um provocador.”

Já a prefeita de Barcelona, Ada Colau, exigiu que Casado pedisse desculpas ou se demitisse. (DB)

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