Folha de S.Paulo

Inflação será menor que a de emergentes

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DE SÃO PAULO

Pela primeira vez desde 2008, a inflação brasileira ficará abaixo da média dos preços da América Latina, segundo estimativa do FMI (Fundo Monetário Internacio­nal).

O organismo prevê que os preços no Brasil subirão 3,6% neste ano, ante 4,2% da média dos países latino-americanos.

A inflação brasileira também deve ficar abaixo da média dos países emergentes (4,5%). A última vez que isso aconteceu foi em 2010, quando o índice de preços brasileiro­s chegou a 5,9%, e o dos emergentes foi a 6,5%.

No período de 2005 a 2010, os preços no Brasil ficaram constantem­ente abaixo dos registrado­s na média dos mercados emergentes. Desde então, porém, essa curva inverteu, e a inflação brasileira disparou, superando com larga folga a obtida pelas nações em desenvolvi­mento.

No seu ápice recente, em 2015, a inflação brasileira chegou a 10,7%, seis pontos percentuai­s mais do que nos emergentes.

Desde então, os preços no país vêm perdendo força, em parte por causa da recessão, que impede as empresas de repassar os preços para os consumidor­es, com medo de perder clientes.

Nos últimos meses, porém, o que tem pesado mais são os alimentos.

Esses produtos acumulam queda superior a 5% no ano até setembro e foram cruciais para a queda da inflação cheia.

Nos 12 meses, encerrado em setembro, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) tem alta de 2,54%. De janeiro a setembro, a inflação acumulada está em 1,78%, a menor taxa desde 1998 para o período.

Hoje, a meta de inflação estabeleci­da pelo Banco Central é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.

A perda de força da inflação, ao lado da melhora do mercado de trabalho, tem criado um alívio para o bolso do brasileiro, movendo o consumo e tirando o país da recessão.

Para famílias ou indivíduos que ganham até cerca de R$ 2.300 por mês — equivalent­e a 2,5 salários mínimos—, a queda no preço dos alimentos represento­u economia de pelo menos R$ 300 nos 12 meses até agosto, de acordo com dados da Tendências Consultori­a.

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