MPF denuncia irmãos Batista por manipular mercado
DE SÃO PAULO
O Ministério Público Federal denunciou, na terça-feira (10), os sócios da JBS Wesley e Joesley Batista por usarem informações privilegiadas para obter lucro no mercado —o que teria gerado um ganho irregular de até R$ 238 milhões.
A investigação analisou as operações de compra e venda de dólares e de ações da empresa no período anterior às delações premiadas dos próprios executivos.
No caso da compra de dólares, apenas Wesley Batista foi responsabilizado e poderá ser condenado a uma pena de 3 a 18 anos de prisão.
“Acreditamos que havia um conluio entre os irmãos, mas não foram encontradas evidências contra o Joesley”, afirma a procuradora da República Thaméa Danelon.
A investigação usou informações da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), áudios de Whatsapp com a voz de Wesley, além de depoimentos de funcionários da JBS que receberam as ordens de compra e venda, e que confirmaram o caráter atípico das transações.
Joesley não será responsabilizado pela operação de câmbio, mas, assim como Wesley, foi denunciado por manipulação de mercado pela compra e venda de ações da JBS, que evitou uma perda financeira com a desvalorização dos papéis, após o vazamento da delação.
Ele poderá pegar uma pena de 2 a 13 anos de prisão.
Além disso, há a possibilidade de uma multa de até três vezes o ganho financeiro, calculado em até R$ 100 milhões, nas operações de câmbio, e de R$ 138 milhões, na compra e venda e ações.
A CVM, que conduz uma investigação paralela, está finalizando um relatório, que poderá levar a outras punições, afirma Danelon.
A defesa dos irmãos Batista vai se pautar no estudo encomendado à Fipecafi (fundação de pesquisas financeiras ligada à USP), que concluiu que não houve comportamento atípico nas operações, afirma o advogado de defesa Pierpaolo Bottini.
“Entregamos o estudo ao delegado Edson Garutti [responsável pela investigação da Polícia Federal], mas ele leva em consideração o que achar relevante. Agora virá o processo penal, que mostra matematicamente que a operação não é atípica.”
A reportagem procurou Edson Garutti, mas não obteve contato até o fechamento.
A JBS disse, em nota, que as operações foram realizadas de acordo com perfil e histórico da companhia.
Wesley e Joesley Batista estão presos preventivamente desde 13 de setembro.