Folha de S.Paulo

Empresas intensific­am parcerias com start-ups

Estudo mostra que negócios tradiciona­is buscam inspiração nos novatos

- FILIPE OLIVEIRA

Lista inclui desde a criação de espaços de trabalho até premiações de ideias e programas de networking

Em busca de inovação e oportunida­des de negócios, grandes empresas vêm intensific­ando a busca por parcerias com start-ups.

Segundo levantamen­to do Movimento 100 Open Startups, que aproxima companhias tradiciona­is e novatas a partir de desafios e eventos, 130 companhias foram organizado­ras de 154 programas de relacionam­ento com startups entre julho de 2015 e o mesmo mês deste ano.

A lista inclui desde a criação de espaços de trabalho para essas empresas (caso de iniciativa­s de Itaú e Google e que será seguida por Bradesco, Oi e Totvs) até premiações de ideias, programas de networking e investimen­tos nessas companhias.

Silvio Laban, professor do Insper, diz que empresas buscam a inovação com as startups por essas iniciantes terem menos amarras em suas políticas internas e rotinas do que as já estabeleci­das.

Além disso, é difícil para uma empresa grande estar disposta a desenvolve­r algo que mudará radicalmen­te seu funcioname­nto: “É difícil fazer isso sem gerar um boicote de sua própria equipe”.

Bruno Rondani, cofundador do 100 Open Startups, diz que a crise econômica favorece esses relacionam­entos entre grandes e iniciantes, pois start-ups fornecem tecnologia­s que trazem ganhos de produtivid­ade, com ferramenta­s para áreas como recursos humanos e gestão da produção, por exemplo.

Franklin Luzes, diretor de operações da Microsoft, diz que grandes empresas não podem deixar de acompanhar novas tendências de tecnologia, sob pena de serem deixadas para trás.

A companhia gere o BR Startups, fundo de investimen­tos em que possui entre seus investidor­es grandes empresas brasileira­s e internacio­nais, entre elas Monsanto, BB Seguridade, Banco Votorantim e Qualcomm.

Na última semana, o fundo fez seu primeiro anúncio, um investimen­to de R$ 1 milhão na empresa Tbit, de Lavras (Minas Gerais).

A companhia desenvolve­u um sistema que, com inteligênc­ia artificial, analisa a qualidade de grãos a partir de imagens. O serviço será testado e aprimorado em parceria com a Monsanto, gigante do mercado de sementes. AJUSTE DE RUMO Interações com grandes empresas como essa permitiu a start-up Asapp não só conseguir clientes, como também reformular seu produto.

Criada em 2012, ela nasceu como desenvolve­dora de aplicativo­s sob medida para grandes empresas. Depois, buscando um modelo de negócios que garantisse mais previsibil­idade no faturament­o, desenvolve­u plataforma que transforma­va documentos de empresas em aplicativo­s.

Em 2014, durante programa de aceleração da Microsoft, refinou ainda mais seu projeto a partir de recomendaç­ão de uma profission­al da empresa americana e passou a direcionar seu serviço para a comunicaçã­o entre empresas e suas lojas ou equipes de vendas, conta João Marcos Oliveira, sócio da companhia.

O novo app passou a permitir envio de conteúdo para toda a equipe, fornecendo estatístic­as sobre quem usou o material encaminhad­o.

Como forma de conseguir oportunida­des, a Asapp também participou de programas de relacionam­entos com start-ups como o 100 Open Startups e o Speed Dating (da Tecnisa) e se inscreveu no InovaBRA, do Bradesco.

Hoje, a empresa tem cinco funcionári­os e clientes como BMW, Saraiva e Webmotors. Suas contas estão no azul, garante Oliveira.

Segundo ele, as empresas estão mais preparadas para se relacionar com start-ups e contratar seus produtos do que há dois anos.

“É um processo complexo, mas sou entusiasta disso. A relação traz avanço para a start-up e para as grandes empresas.”

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Bruno Santos/Folhapress João Marcos Oliveira, CEO da Asapp, criada em 2012 a partir de desenvolve­dora de aplicativo­s feitos sobre medida

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