Pelo futuro das nossas crianças
Precisamos direcionar mais recursos aos ensinos fundamental e médio. É na infância que conseguiremos formar cidadãos preparados
A crise que o país atravessa exige uma nova postura da sociedade. Para colocar o Brasil nos trilhos do desenvolvimento e garantir um futuro mais digno às próximas gerações, precisamos de boas políticas públicas, principalmente nas áreas de educação e saúde.
O Brasil possui cerca de 190 mil escolas de ensino básico. Desse total, mais de 150 mil são públicas. A maioria com infraestrutura precária, o que impacta no desempenho escolar e na saúde dos estudantes. Segundo dados do Instituto Anísio Teixeira, tabulados pela Fundação Lemann e pela Meritt, mais da metade das escolas não tem esgoto; um terço não possui rede de água, e um quarto não conta com coleta de lixo. Sem planejamento e gestão eficientes, continuaremos a ver muitos jovens abandonando a educação em prol do sempre perigoso atalho do dinheiro fácil.
Paralelamente, outros indicadores de saúde, ligados ao desempenho escolar, preocupam. Dados do IBGE mostram que cinco milhões de crianças brasileiras abaixo dos cinco anos de idade ainda apresentam algum grau de desnutrição, na proporção de uma em cada três. Mesmo com todos os esforços dos últimos anos, de cada quatro lares um sofre com a insegurança alimentar —ou seja, falta, restrição ou preocupação com a quantidade de alimentos. Isso atinge mais de sete milhões de brasileiros.
Do lado oposto, a obesidade infantil avança a passos largos e será um dos problemas mais graves de saúde pública deste século, segundo a Organização Mundial da Saúde. Estudo recente publicado pelo “New England Journal of Medicine” mostra que já há no mundo 107,7 milhões de crianças e 603,7 milhões de adultos obesos; o problema respondeu por 7% do total de mortes em 2015, superando as causadas por acidentes de carro e Alzheimer.
Há relação direta entre alimentação saudável e o desenvolvimento da criança e o rendimento na escola. A desnutrição dificulta o aprendizado e a concentração, e a obesidade traz barreiras comportamentais, ansiedade e também baixo desempenho escolar. Por ser o local onde crianças e adolescentes passam grande parte do tempo, as escolas precisam oferecer merendas que promovam a saúde, introduzindo hábitos de vida e alimentares saudáveis para formar adultos conscientes e preocupados com o seu bem-estar. Para milhares de crianças da rede pública, a refeição feita na escola é a principal, senão a única. Exatamente por isso, dias sem aula preocupam as famílias de baixa renda, que precisam garantir a alimentação dos filhos.
Uma boa alternativa seria estender a merenda nos dias de folga, fazendo com que as comunidades fossem responsáveis pela sua preparação. Caberia ao Estado oferecer os ingredientes. Além de combater a desnutrição e a obesidade, aproximaria as famílias das escolas, contribuindo, inclusive, para evitar a depredação dos prédios e para tentar frear o assédio do tráfico.
Apesar da deficitária infraestrutura das escolas, mais de 60% delas já têm acesso à internet. Em contrapartida, só 32% possuem quadra esportiva. É com esse paradoxo que convivemos. Precisamos direcionar mais recursos financeiros e humanos aos ensinos fundamental e médio. É na infância que conseguiremos formar cidadãos saudáveis e preparados para os desafios. YUSSIF ALI MERE JR.
Resulta nisso um juiz encastelar-se em seu gabinete, distanciado das agruras da população. Evidentemente, há erros na Lava Jato. A pressa da equipe, contudo, visa justamente a quebrar o malemolente trâmite da Justiça brasileira, que só interessa aos delinquentes.
JOSÉ DE SOUSA SANTOS
Lula A operação de busca e apreensão feita pela polícia na casa do filho do ex-presidente Lula, fruto de uma denúncia anônima, é o retrato vivo da perseguição, do abuso de poder. Se queremos clamar por justiça, é preciso combater os desmandos da Justiça (“Polícia faz buscas na casa de filho de Lula no interior de SP”, “Poder”, 11/10).
MARCOS BARBOSA
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Com todo o respeito ao eminente médico Claudio Lottenberg, a maioria dos idosos do país, no momento de maior necessidade de cuidados médicos, já perdeu seu plano de saúde pelo alto custo. Seria magnânimo se ele contribuísse para que essas pessoas de maior idade pudessem, no fim da vida, ter sua dignidade física e emocional respeitada e ter resguardado o seu direito a um bom tratamento de saúde. O valor pago às operadoras já é exorbitante (“Vivemos mais e alguém tem que pagar essa conta”, “Entrevista da 2ª”, 9/10).
CREUSA COLAÇO MONTE ALEGRE