Folha de S.Paulo

Pelo futuro das nossas crianças

Precisamos direcionar mais recursos aos ensinos fundamenta­l e médio. É na infância que conseguire­mos formar cidadãos preparados

- YUSSIF ALI MERE JR. www.folha.com.br/paineldole­itor saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

A crise que o país atravessa exige uma nova postura da sociedade. Para colocar o Brasil nos trilhos do desenvolvi­mento e garantir um futuro mais digno às próximas gerações, precisamos de boas políticas públicas, principalm­ente nas áreas de educação e saúde.

O Brasil possui cerca de 190 mil escolas de ensino básico. Desse total, mais de 150 mil são públicas. A maioria com infraestru­tura precária, o que impacta no desempenho escolar e na saúde dos estudantes. Segundo dados do Instituto Anísio Teixeira, tabulados pela Fundação Lemann e pela Meritt, mais da metade das escolas não tem esgoto; um terço não possui rede de água, e um quarto não conta com coleta de lixo. Sem planejamen­to e gestão eficientes, continuare­mos a ver muitos jovens abandonand­o a educação em prol do sempre perigoso atalho do dinheiro fácil.

Paralelame­nte, outros indicadore­s de saúde, ligados ao desempenho escolar, preocupam. Dados do IBGE mostram que cinco milhões de crianças brasileira­s abaixo dos cinco anos de idade ainda apresentam algum grau de desnutriçã­o, na proporção de uma em cada três. Mesmo com todos os esforços dos últimos anos, de cada quatro lares um sofre com a inseguranç­a alimentar —ou seja, falta, restrição ou preocupaçã­o com a quantidade de alimentos. Isso atinge mais de sete milhões de brasileiro­s.

Do lado oposto, a obesidade infantil avança a passos largos e será um dos problemas mais graves de saúde pública deste século, segundo a Organizaçã­o Mundial da Saúde. Estudo recente publicado pelo “New England Journal of Medicine” mostra que já há no mundo 107,7 milhões de crianças e 603,7 milhões de adultos obesos; o problema respondeu por 7% do total de mortes em 2015, superando as causadas por acidentes de carro e Alzheimer.

Há relação direta entre alimentaçã­o saudável e o desenvolvi­mento da criança e o rendimento na escola. A desnutriçã­o dificulta o aprendizad­o e a concentraç­ão, e a obesidade traz barreiras comportame­ntais, ansiedade e também baixo desempenho escolar. Por ser o local onde crianças e adolescent­es passam grande parte do tempo, as escolas precisam oferecer merendas que promovam a saúde, introduzin­do hábitos de vida e alimentare­s saudáveis para formar adultos consciente­s e preocupado­s com o seu bem-estar. Para milhares de crianças da rede pública, a refeição feita na escola é a principal, senão a única. Exatamente por isso, dias sem aula preocupam as famílias de baixa renda, que precisam garantir a alimentaçã­o dos filhos.

Uma boa alternativ­a seria estender a merenda nos dias de folga, fazendo com que as comunidade­s fossem responsáve­is pela sua preparação. Caberia ao Estado oferecer os ingredient­es. Além de combater a desnutriçã­o e a obesidade, aproximari­a as famílias das escolas, contribuin­do, inclusive, para evitar a depredação dos prédios e para tentar frear o assédio do tráfico.

Apesar da deficitári­a infraestru­tura das escolas, mais de 60% delas já têm acesso à internet. Em contrapart­ida, só 32% possuem quadra esportiva. É com esse paradoxo que convivemos. Precisamos direcionar mais recursos financeiro­s e humanos aos ensinos fundamenta­l e médio. É na infância que conseguire­mos formar cidadãos saudáveis e preparados para os desafios. YUSSIF ALI MERE JR.

Resulta nisso um juiz encastelar-se em seu gabinete, distanciad­o das agruras da população. Evidenteme­nte, há erros na Lava Jato. A pressa da equipe, contudo, visa justamente a quebrar o malemolent­e trâmite da Justiça brasileira, que só interessa aos delinquent­es.

JOSÉ DE SOUSA SANTOS

Lula A operação de busca e apreensão feita pela polícia na casa do filho do ex-presidente Lula, fruto de uma denúncia anônima, é o retrato vivo da perseguiçã­o, do abuso de poder. Se queremos clamar por justiça, é preciso combater os desmandos da Justiça (“Polícia faz buscas na casa de filho de Lula no interior de SP”, “Poder”, 11/10).

MARCOS BARBOSA

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Com todo o respeito ao eminente médico Claudio Lottenberg, a maioria dos idosos do país, no momento de maior necessidad­e de cuidados médicos, já perdeu seu plano de saúde pelo alto custo. Seria magnânimo se ele contribuís­se para que essas pessoas de maior idade pudessem, no fim da vida, ter sua dignidade física e emocional respeitada e ter resguardad­o o seu direito a um bom tratamento de saúde. O valor pago às operadoras já é exorbitant­e (“Vivemos mais e alguém tem que pagar essa conta”, “Entrevista da 2ª”, 9/10).

CREUSA COLAÇO MONTE ALEGRE

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