Delegado da PF preso é acusado de chantagear prefeito
Profissional teria atuado com mais três falsos policiais para extorquir prefeito de Paulínia (SP), que já foi acusado de pedofilia
O delegado da Polícia Federal Mario Menin Junior, preso nesta terça (10) sob acusação de extorsão, é acusado de atuar com falsos policiais para chantagear o prefeito de Paulínia, a 117 km de São Paulo, segundo a Folha apurou junto a investigadores do caso.
O interlocutor do prefeito dizia ter um dossiê com pro- vas de corrupção e ameaçava divulgar os dados se a prefeitura não contratasse uma empresa dele que atua no setor de serviços e terceirização.
O prefeito de Paulínia, Dixon Carvalho (PP-SP), levou o caso à Polícia Federal de Campinas. Carvalho foi expulso do PT em 2012 após ser investigado sob suspeita de pedofilia. Ele sempre negou a suspeita e disse que as fotos em que aparece com ado- lescentes são falsas.
Menin Junior foi preso com outros três suspeitos por um órgão da PF que ele já havia dirigido, a corregedoria.
As escutas feitas pela PF apontam que o grupo tentava aplicar o mesmo golpe em outras prefeituras.
Com mais de 30 anos de Polícia Federal, Menin Junior deixou seus colegas incrédulos ao ser preso pelos cargos que já ocupou na institu- ição e porque todos o consideravam um policial acima de qualquer suspeita. Além da corregedoria, ele já chefiou a delegacia de combate ao crime organizado e a unidade do aeroporto de Cumbica.
A superintendência da PF em São Paulo deu ordens para investigar o caso com o máximo de velocidade porque se considerava traída por Menin Junior.
Ele tem um perfil que não se alinha com o de um policial corrupto, segundo colegas ouvidos pela Folha sobcondição de anonimato. Extremamente católico, Menin Junior, 53, vive com a mãe num apartamento em São Paulo, costumava esbravejar contra a suposta corrupção do PT e mostrava-se entusiasmado com Jair Bolsonaro (PSC-RJ), candidato à Presidência.
Ele foi preso com outros três suspeitos, os quais se passavam por delegados da PF para praticar extorsão, segundo a juíza federal Valdirene Falcão, de Campinas.
Eles são acusados de praticar quatro crimes: organização criminosa, extorsão, usurpação de função e concussão (quando agente público solicita uma vantagem indevida).
A Folha não conseguiu localizar a defesa do delegado até o fechamento desta edição.