Folha de S.Paulo

Madri dá ultimato a catalães em secessão

Rajoy afirma que reverterá autonomia vigente se regiã on ã o re vogar declaração de independên­cia em oito dias

- DIOGO BERCITO

Antes disso, até a próxima segunda (16), presidente catalão terá de esclarecer se proclamou separação

O premiê espanhol ,M ari

R j(y,) ano a o pediu nesta quarta-feira 11 que o go v erno regional catalão esclareç ase, na terça (10), declarou ou não a independên­cia da região .D a resposta dependerá sua reação.

O governo catalão precisa responder formalment­e ao questionam­ento do primeiromi­nistro até segunda-feira (16). Caso diga que sim, declarou a secessão, tem até a quinta-feira seguinte (19) para recuar na proclamaçã­o.

Ao fazer o pedido ,R ajoy acionou o controvers­o Artigo 155, um mecanismo nunca antes utilizado na Espanha. Trata-se de um trecho da Constituiç­ão que legisla sobre punições a autoridade­s regionais que não cumprem determinaç­ões do governo central —a chamada “coerção estatal”.

O texto pre vê que o governoque­stioneaadm­inistra çã o local e, caso não este j a satisfeito com o resultado, coloque em prática uma série de medidas —incluindo suspen- der a autonomia parcial do território em questão (no caso, a Catalunha) e forçar eleições antecipada­s.

A ativação do artigo, apoiadapel­asprincipa­is f or ç aspolítica­s , pode ser f eita diretament­e pelo premi ê. M as, para ações mais dr á sticas , como o congelamen­to tempor á rio da autonomia catal ã,R ajoy precisa da aprovação da maioria absoluta do Senado.Ele já tem esse contingent­e.

Seu questionam­ento ao presidente catalão ,C arles Puigdemont, ocorre um dia depois do discurso desse último no Parlamento regional, em Barcelona. RECUO Na ocasi ã o , Puigdemont disse ter um mandato para criar uma república catalã, mas em seguida pediu a sus- pens ã odaindepen­d ê nciapara tra v ar um di á logo com Madri .A gra v ando a incerteza, ele próprio assinou uma declaração unilateral com partidos separatist­as, apesar de isso ter sido feito às margens da plenária.

No fim das contas, não ficou claro se Puigdemont havia declarado ou não a secessão catalã.

“Se Puigdemont respeitar a legalidade, encerrará um período de ilegalidad­e e incerteza”, disse Rajoy. “É o que esperam todos para pôr fimvàvsitu­ação

que está sendo i ida na Catalunha.”

Puigdemont, por sua vez, disse em entrevista à rede CNN que está disposto ao diálogo :“C hegamos a um ponto em que o mais importante é que nã oha ja condições prévias para nos sentarmos e conversarm­os”.

A crise territoria­l espanhola, a mais grave desde a redemocrat­ização dos anos 1970, tem escalado nas últimas semanas , atingindo um ápice com o ple b iscito separatist­a de1 ° de outubro .N aquela data, houve 90% de votos no “sim”, mas só 43% do eleitorado compareceu às urnas.

O go v erno central em Madri considera que o ple b iscito, seus resultados e a declaração de independên­cia são ilegais, mesmo que a proclamaçã­o da república tenha sido suspensa em seguida. ãAC onstituiçã­o

espanhola n o prevê a realização de plebiscito­s vinculante­s, menos ainda em apenas parte do território nacional. Por lei, só

vvv poderia ha er uma consulta informal, con ocada por Madri e com o oto de todos os cidad ã os nas demais regiões.

“Nenhuma Constituiç­ão europeia reconhece o direito à autodeterm­inação”, afirmou Rajoy em seu discurso .“A independên­cia da Catalunha é contrária a qualquer norma de direito internacio­nal.”

A comunidade internacio­nal apoia Madri nessa interpreta­ção, edi versos países pediram a manutençã o do Estado de Direito na Espanha. AU nião Europeia, por exemplo ,já sinalizou que nã oreconhece­ria a separação catal ã— algo que a França enunciou de maneira literal.

 ?? Paul White/Associated Press ?? O premiê espanhol, Mariano Rajoy, cumpriment­a um policial ao chegar ao Parlamento do país, em Madri, na quarta
Paul White/Associated Press O premiê espanhol, Mariano Rajoy, cumpriment­a um policial ao chegar ao Parlamento do país, em Madri, na quarta

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil