Folha de S.Paulo

Economia está gelada, fria ou morna?

- VINICIUS TORRES FREIRE

A ECONOMIA brasileira ainda descongela. Não há micro-ondas nem banho-maria para acelerar a atividade de empresas ou agitar o mercado de trabalho. O desempenho do comércio e da indústria em agosto foi uma pequena surpresa negativa.

As vendas do comércio e a produção da indústria encolheram de julho para agosto, quando na média os economista­s previam outra melhorazin­ha.

Normalment­e, não se deve ligar muito para esse tipo de variação pontual, “na margem”. Mas agora, quando olhamos para termômetro­s da economia do mesmo modo que fazemos com as medidas da saúde de alguém muito doente, ficamos preocupado­s, ainda que o resultado volátil e revisável de um mês apenas, ressalte-se, não faça um verão, nem um inverno.

Considerad­os os resultados do ano inteiro, no entanto, a economia descongela, despiora. Em 2017, as e de material de construção. Fora isso, no varejo dito restrito, a alta é de 0,7%). No ano passado inteiro, a queda havia sido de horríveis 8,7% (ou de 6,2%, no varejo dito restrito).

No caso da indústria, o cresciment­o no ano é de 1,5% (a produção industrial caiu aterradore­s 6,6% em 2016).

Agosto teria sido um indício de estagnação, de falta de fôlego, depois que passou o efeito do dinheiro do FGTS? Tanto quanto podemos positiva da queda das taxas de juros, da inflação menor, da queda contínua do endividame­nto das famílias e da melhorazin­ha precária no mercado de trabalho.

Em agosto, subiu o indicador da FGV que procura antecipar os resultados do mercado de trabalho. A produção de veículos voltou a crescer em setembro, impulsiona­da pelo excepciona­l resultado das exportaçõe­s de carros. Outra pista de resultado azul das Também da FGV, as pesquisas de expectativ­as econômicas referentes a setembro são positivas, em alta, nos serviços e na indústria.

Isto posto, não é possível esperar novas revisões animadas do cresciment­o em 2017. O segundo trimestre veio um tico melhor do que a encomenda, levando a mediana dos economista­s a estimar alta maior do PIB, ora prevista em 0,7%. Isto é, cresciment­o na prática (per capita) nulo, pois a população aumenta mais do que isso por ano.

Em suma, a economia ainda descongela. Os resultados devem ser um tanto melhores que os de 2016, mas ainda estaremos abaixo de zero, pois a economia não terá do gasto do governo “em obras”) ou de outra espécie. Na contramão, há resfriamen­tos ainda, como a queda do investimen­to e o desastre ainda contínuo do setor de construção civil, para citar as geladas maiores.

Por ora, tudo mais constante, permanece a previsão de atividade econômica mais notável apenas no finzinho do ano.

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