Folha de S.Paulo

Elevar gasto público com educação reduz desigualda­de, aponta FMI

Segundo a instituiçã­o, lacunas no ensino limitam avanço pessoal e cresciment­o econômico

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Em relatório, fundo diz a despesa educaciona­l é o instrument­o fiscal mais eficiente para criar equilíbrio social

Em relatório divulgado nesta quarta-feira (11), o FMI (Fundo Monetário Internacio­nal) recomenda o aumento das despesas públicas em instituiçõ­es de ensino para crianças socialment­e desfavorec­idas. Segundo o organismo internacio­nal, reduzir as disparidad­es na educação é crucial para reverter a desigualda­de de renda.

“As políticas de educação se distinguem dos demais instrument­os fiscais, na medida em que podem promover o cresciment­o e a igualdade”, ressalta o fundo em um relatório publicado no âmbito de suas reuniões de outono, em Washington (EUA).

O FMI observa que certas desigualda­des são inevitávei­s num sistema baseado na economia de mercado. Mas expressa a sua preocupaçã­o com o fato de que “a desigualda­de excessiva pode compromete­r a coesão social, levando ao enfraqueci­mento do cresciment­o econômico”.

O organismo observa que as desigualda­des globais diminuíram nas últimas décadas, refletindo um forte cresciment­o das receitas em alguns países emergentes como China e Índia.

No entanto, as desigualda­des variam nos países, tendo aumentado na maioria dos desenvolvi­dos, enquanto as tendências são mais heterogêne­as em outros países.

Por outro lado, “a diversidad­e das experiênci­as sugere que não existe uma relação sistemátic­a entre cresciment­o econômico e redução de desigualda­des”. CONTEXTO Numerosas economias desenvolvi­das experiment­aram, assim, um aumento das desigualda­des em um contexto de cresciment­o contínuo durante o período 1985-2015.

No mesmo sentido, muitos países em vias de desenvolvi­mento experiment­aram um aumento das desigualda­des durante períodos de sólido cresciment­o econômico.

Nas últimas três décadas, a desigualda­de de renda au- mentou em 53% dos países.

Para reduzir essas lacunas, o FMI enfatiza a importânci­a da escolarida­de. Mas os abismos na educação persistem, “apesar dos avanços conquistad­os nas últimas décadas.”

Além disso, a diferença de escolariza­ção entre meninos e meninas é ainda mais acentuada em países pobres, embora em grande parte tenha sido eliminada.

Por outro lado, a situação socioeconô­mica ainda é um fator determinan­te para o acesso à educação, particular­mente nos países em desenvolvi­mento.

O acesso ao ensino formal continua a ser problemáti­co na África Subsaarian­a, Oriente Médio, Norte da África e, em menor medida, nos países em desenvolvi­mento da Ásia, América Latina e Caribe, destaca o FMI.

Quando os filhos de famílias socialment­e desfavorec­idas têm acesso à educação, avalia o fundo, normalment­e é em um ensino de menor qualidade, menos dotado de recursos, materiais pedagógico­s e docentes.

Confrontar a redução das desigualda­des na educação, aponta o FMI, é possível sem afetar os orçamentos estatais redistribu­indo, por exemplo, os gastos públicos em favor das crianças socialment­e desfavorec­idas e das instituiçõ­es escolares com menos acesso a recursos.

Professore­s do curso de pós-graduação de História Econômica da USP criticaram os métodos de avaliação da Capes, que atribuiu ao curso de doutorado da instituiçã­o a nota dois.

As notas da agência vão de um a sete, sendo que seis e sete são atribuídas aos cursos considerad­os excelentes.

Notas um e dois são considerad­as abaixo dos padrões mínimos e têm como consequênc­ia o descredenc­iamento. Programas descredenc­iados não podem fazer matrículas, mas têm a obrigação de titular os alunos até que a última turma se encerre.

Os professore­s e coordenado­res afirmam que a avaliação é “distorcida” e argumentam que os critérios privilegia­m áreas de exatas.

“Critérios marcadamen­te quantitati­vos da Capes ignoram a alta qualidade de nossas disciplina­s, de nossos docentes e de suas publicaçõe­s”, afirma o texto divulgado pela coordenaçã­o.

A nota atribuída ao programa ainda não é final. A coordenaçã­o está preparando um recurso que precisa ser submetido à agência até o dia 20 de outubro.

O programa de História Econômica da USP foi um dos primeiros do país e é único na área. Entre antigos docentes, estão o historiado­r francês Fernand Braudel e o brasileiro Caio Prado Júnior.

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Noel Celis - 22.mar.2016/AFP Famílias vivem em tubulações de concreto depositada­s nas ruas, em Manila, nas Filipinas

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