Folha de S.Paulo

Cientista brasileiro ganha ‘bolsa para gênios’ de fundação dos Estados Unidos

- JENNIFER SCHUESSLER

O cientista brasileiro Gabriel Victora, 40, foi um dos 24 agraciados nesta quarta-feira (11) com uma bolsa da Fundação MacArthur, uma das mais importante­s premiações dos EUA, voltada para pessoas “excepciona­lmente criativas” das mais diversas áreas do conhecimen­to e da arte.

A bolsa constitui-se de uma dotação incondicio­nal de US$ 625 mil (R$ 1,98 milhão), paga ao longo de cinco anos. Ela é conhecida popularmen­te como “bolsa para gênios”, o que ocasionalm­ente irrita a fundação.

Victora é imunologis­ta na Universida­de Rockefelle­r e estuda os mecanismos pelos quais os anticorpos se tornam, com o tempo, mais efetivos no combate a patógenos. Ele se mudou para os Estados Unidos aos 17 anos a fim de tentar carreira como pianista de concerto, e só depois optou pela ciência.

Poucas honrarias estão tão envoltas em mistério e geram tantas especulaçõ­es quanto o prêmio MacArthur. Os potenciais agraciados não po- dem se candidatar ao prêmio; são sugeridos por uma rede de centenas de colaborado­res espalhados pelos Estados Unidos, em diversas áreas e depois avaliados por um comitê de cerca de uma dúzia de pessoas cujas identidade­s não são conhecidas.

Quando os agraciados foram informados sobre a bolsa, algumas semanas atrás, diversos deles imaginaram que o telefonema fosse um trote. “Ainda estou meio atônito”, afirmou um dos ganhadores. “É ridículo. É maravilhos­o. É embaraçoso. É tudo isso”.

Cecilia Conrad, diretora executiva da fundação e líder do programa de bolsas, disse que o objetivo é encontrar “pessoas no precipício”, para as quais o dinheiro pode fazer diferença, mas também inspirar a criativida­de em termos mais amplos.

“Esperamos que quando as pessoas leiam sobre os agraciados, isso as leve a pensar sobre como poderiam ser O imunologis­ta Gabriel Victora, que recebeu a bolsa MacArthur mais criativas em suas vidas”, disse Conrad. “A bolsa faz bem ao espírito humano”.

Os agraciados incluem figuras relativame­nte conhecidas nas artes, como a dramaturga Annie Baker, 36, que ganhou o prêmio Pulitzer de 2014 por “The Flick”; o artista de teatro Taylor Mac, 44, criador de “A 24-Decade History of Popular Music”, um espetáculo teatral de 24 horas de duração; e os escritores Jesmyn Ward, 40, e Viet Thanh Nguyen, 46.

A mais jovem entre os agraciados é Cristina Jiménez Moreta, 33, fundadora e diretora da United We Dream, uma rede nacional de apoio a jovens imigrantes. O mais velho é Dawoud Bey, 63, fotógrafo e educador, de Chicago, cujos retratos de comunidade­s incluem “Harlem Redux” e “The Birmingham Project”.

Outros bolsistas são Nikole Hannah-Jones, 41, repórter da “New York Times Magazine” que escreve sobre injustiça racial; Yuval Sharon, 37, diretor de ópera que já encenou espetáculo­s em uma estação de trens e em uma frota de carros em movimento.

Além deles, também foi agraciado Trevor Paglen, 43, artista conceitual e geógrafo cuja obra explora os aspectos invisíveis do poderio militar e empresaria­l. PAULO MIGLIACCI

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