Folha de S.Paulo

Só falta a Itália

- JUCA KFOURI COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sábado: Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

SETE DOS oito campeões mundiais estão garantidos na Copa da Rússia. Resta apenas a Azzurra confirmar presença.

O deus dos estádios atendeu as preces dos apaixonado­s e garantiu as presenças de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo no Mundial.

Em Lisboa, sem dramas, porque desde o início Portugal se impôs à Suíça e mesmo com o CR7 em noite apagada construiu o 2 a 0 com sabedoria. Os atuais campeões europeus vão à Copa com todos os méritos.

Já em Quito quase teve drama para os argentinos.

Ninguém leva um gol com 38 segundos de jogo como eles levaram e não se abala. E eles se abalaram, menos um: o gênio de Lionel Messi.

Que empatou o jogo em 13 minutos e o virou em 20, magistralm­ente, com dois chutes tão certeiros como o do terceiro gol, já no segundo tempo, quando a altitude pesava e ele aliviou a vida Argentina.

Lionel Messi, enfim, teve uma noite de Diego Maradona para, como se diz, calar os críticos.

Carregou o time nas costas como se dissesse aos dez companheir­os: “Se vocês não fazem questão de ir à Rússia, eu faço. E vou!”. E vai, felizmente para todos nós, ele vai.

Messi, além do mais, teve um gesto que fazia tempo os estádios não testemunha­vam.

Ao empatar o jogo, resultado ainda insuficien­te, correu para pegar a bola no fundo da rede e saiu gritando com os compatriot­as: “Vamos, vamos!”. E foram, felizmente para todos nós, eles foram. Messi teve noite de Maradona pela Argentina, e o seleto clube dos campeões mundiais para a Rússia-18 está quase completo

Como já sabíamos que iremos nós, os brasileiro­s.

Como ainda há dúvida se irão os únicos sócios do seleto clube dos oito campeões mundiais, os italianos da Azzurra, a quem caberá disputar dois jogos na repescagem europeia.

No próximo dia 17 saberão se contra uma das duas Irlandas, a Suécia ou a Grécia.

Que o bom humor do deus dos estádios não nos prive de tê-los no grande festival quadrienal do futebol

Já os encontramo­s em Marselha, em 1938, e eles venceram, por 2 a 1.

Voltamos a vê-los, na Cidade do México, em 1970, e os goleamos na final por 4 a 1.

Em Buenos Aires, em 1978, na disputa do terceiro lugar, nova vitória, por2a1.

Veio, então, em 1982, em Barcelona, a chamada “Tragédia do Sarrià”, na derrota por 3 a 2, vingada com outro 3 a 2, mas nos pênaltis, na final da Copa de 1994, em Los Angeles, depois do 0 a 0 em 120 minutos sob calor desumano.

Hoje é impossível imaginar novo embate em Moscou, numa terceira finalíssim­a, menos pela seleção brasileira, mais pelo momento deles.

Alemanha, França, Espanha, ou até mesmo a Bélgica, são forças superiores no panorama europeu. Daqui a oito meses, quem sabe? O que sabemos do time de Tite é promissor, sem ufanismo, porque uma Copa no Velho Mundo, com exceção da de 1958, na Suécia, conquistad­a por Didi, Mané e Pelé, sempre fica no continente.

Contra o Chile eliminado o time brasileiro fez segundo tempo convincent­e outra vez, depois de 45 minutos iniciais que deixaram clara a falta que Marcelo faz no apoio, para conversar com Neymar, para armar e triangular pelo lado esquerdo do ataque, para botar a bola onde desejar graças ao seu inesgotáve­l talento e maturidade.

Muita água rolará até a Copa, mas nada que impeça imaginar uma disputa em altíssimo nível. Amém.

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