Bolsonaro diz que não é o mais capacitado para ser presidente
Em palestra fechada a investidores em NY, pré-candidato afirmou que é inexperiente, mas não está ‘alvejado’
O deputado desculpouse por arroubos agressivos e repetiu mantras a favor do mercado e dos EUA
Em palestra fechada a investidores e analistas em Nova York, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) afirmou que não é o nome mais capacitado para ser presidente do Brasil, mas não está envolvido em escândalos de corrupção.
“Tem muita gente mais preparada do que eu, mas no Brasil hoje o pessoal está alvejado. Praticamente não tem candidato deles que se apresenta aí que não tenha problemas na Lava Jato ou já tiveram no mensalão”, disse o deputado na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, na quarta-feira (11).
“Gostaria que isso não acontecesse. Tem gente lá que eu gosto [sic], mas, infelizmente, não vou citar nomes nem vou criticar, estão envolvidos nessas questões. Então, hoje em dia, cai para mim.”
Na quinta-feira (12), em tom mais polido, Bolsonaro voltou a fazer autocrítica em palestra no Conselho das Américas.
“Estendo a mão aos senhores. Entendam a minha inexperiência em algumas áreas, mas o mais importante é a vontade de acertar”, rogou.
A Folha teve acesso à integra das duas palestras, ambas fechadas. O deputado, empatado em segundo lugar na disputa presidencial de 2018, de acordo com o Datafolha, desculpou-se por arroubos agressivos. “De vez em quando me perco nas palavras, sim, me perco, me perco, peço desculpas. Mas o nosso objetivo exatamente é o bem de todos”, afirmou, no segundo evento.
Bolsonaro pediu uma nova Constituinte e a reformulação da legislação trabalhista. “Temos um problema na CLT, está engessada na Constituição”, reclamou, para então defender a adoção do modelo americano, que não prevê direitos como férias e licença-maternidade.
O deputado repetiu lugares-comuns em favor da livreiniciativa. “O Custo Brasil é altíssimo, a burocracia é enorme, o número de horas para abrir uma empresa no Brasil acho que é... Estamos em primeiro lugar no mundo”, observou.
“Temos que ressuscitar o [ministro do Planejamento na ditadura militar] Helio Beltrão, né, mas revigorado, para desburocratizar o Brasil.”
Ao comentar a reforma da Previdência proposta pelo governo Michel Temer, porém, Bolsonaro foi mais cauteloso.
“Dá para sair, devagar, dá. Não adianta o pré-candidato aqui dizer que vai fazer. Não vai fazer, a verdade acima de tudo. Pode até agradar os senhores aqui, mas ele vai ter dificuldade um ou dois anos depois ao ver que não fizemos”.
Bolsonaro declarou sua admiração pelos Estados Unidos e disse que o país deveria ser “o primeiro parceiro comercial” do Brasil.
No fim da tarde desta quinta, o pré-candidato foi ao estúdio de uma TV local na Times Square, onde deu uma entrevista em que defendeu a saída dos Estados Unidos da Unesco, braço das Nações Unidas dedicado a educação, ciência e cultura, e parabeni-