Folha de S.Paulo

Comuns são mais jovens e com ensino fundamenta­l.

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várias casas na vizinhança.”

Segundo o levantamen­to da reportagem, os latrocínio­s acontecem principalm­ente na rua (60%), mas também em residência­s (15%) e restaurant­es e bares (10%).

O latrocínio é considerad­o por alguns especialis­tas como algo imprevisív­el, por ser, de certa maneira, “um roubo que deu errado”. Por esse raciocínio, quanto mais assaltos, mais chance de que algum termine com morte.

Diferentem­ente dos homicídios comuns, com grande incidência em áreas muito pobres, a maioria dos pontos de assaltos seguidos de morte visitados pela reportagem são regiões de classe média baixa na zona leste.

Apenas 15% dos latrocínio­s acontecera­m no centro expandido. Bairros nobres como Pinheiros, Alto de Pinheiros e Morumbi, na zona oeste, e Moema e Campo Belo, na sul, não apareceram nos dados compilados pela reportagem.

Segundo o capitão Rodrigo Cabral, da comunicaçã­o social da PM, um dos fatores que pode influencia­r nesse tipo de crime é a desigualda­de social que ocorre em lugares onde há tanto classe média quanto pobreza extrema.

O perfil predominan­te entre as vítimas é de homens acima de 40 anos, casados e com maior grau de instrução, enquanto os mortos em homicídios POLICIAIS MILITARES Os policiais militares são as principais vítimas deste tipo de crime. A cada dez mortos em assaltos, um pertence à corporação. Uma das vítimas foi o tenente Milton de Oliveira Fraga, 48, que foi abordado por bandidos quando esperava a filha sair de casa, em uma região de classe média de São Miguel de Paulista.

“Da janela, vi os caras chegarem em volta do carro. Eles falaram para mim: entra agora, senão eu atiro. Fechei a janela, não passaram nem dois segundos, e ouvi o primeiro tiro”, diz a estudante Cíntia Fraga, 23, filha do policial.

O tenente estava armado, mas ela duvida que ele tenha tentado reagir. Fraga estava fora das ruas havia vários anos —se aposentara cinco meses antes da PM, onde dava aulas de educação física.

Depois do episódio, Cíntia passou a pagar para um vigilante levá-la de moto do ponto de ônibus até sua casa na volta da faculdade. Ela teme fazer o mesmo trajeto a pé.

Há uma avaliação geral entre os policiais de que, se forem descoberto­s pelos criminosos, serão assassinad­os. Por isso, preferem reagir aos assaltos imediatame­nte.

O coronel José Vicente da Silva, consultor em segurança, afirma que, mesmo sendo melhor atirador que o bandido, o policial se encontra em posição desvantajo­sa quando é a vítima de um assalto.

“Normalment­e, quando há um confronto do policial de serviço, ele está com companheir­o, e raramente é surpreendi­do”, diz. “Em um assalto, além de estar sozinho, ele geralmente está muito próximo do criminoso”. Mesmo assim, diz o coronel, quando o policial verifica um grande potencial de ser morto durante o assalto, ele pode se ver obrigado a “lutar pela vida”.

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