‹ Desigualdade puxa latrocínio, diz governo
OUTRO LADO
De janeiro e agosto de 2017, na capital de SP, número de vítimas avança 34% e passa de 68 para 91 casos
O governo Geraldo Alckmin (PSDB) afirma que a polícia paulista tem atuado para combater crimes contra o patrimônio, que dão origem aos casos de latrocínio. A Polícia Militar, subordinada ao governo, diz que a legislação e a desigualdade social influenciam nesses casos.
Uma ação citada pela gestão tucana como bem sucedida é a lei dos desmanches, que tem como objetivo coibir a venda de peças roubadas.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública diz que o número de latrocínios caiu 12,5% em agosto. No acumulado entre janeiro e agosto, porém, o número de vítimas deste crime aumentou 34% na cidade —de 68 no ano passado para 91 no mesmo período deste ano, segundo estatística da secretaria. Já o número de vítimas de homicídios teve curva contrária nesse intervalo e chegou a 497 —ante 591 nos oito primeiros meses do
RODRIGO CABRAL
Capitão da Polícia Militar ano passado (latrocínios não entram nessa conta da secretaria). A pasta afirma que os roubos seguidos de morte caíram nos distritos da zona leste citados pela Folha. O capitão Rodrigo Cabral, da comunicação social da PM, diz que os latrocínios acompanham o índice de roubos. “A zona leste tem 34% da população, vai concentrar 31% dos roubos e 41% dos latrocínios”. DESIGUALDADE Para ele, a desigualdade social na borda leste da cidade impulsiona os crimes.
“Realmente, são extremos sociais muito grandes. Pessoas numa condição desfavorável que convivem com pessoas abastadas muito próximas”, afirma o policial.
Ele também culpa a legislação atual do país: “Em 2016, 45 mil pessoas foram detidas pela Polícia Militar. Por que elas não superlotam as prisões? Porque muitos desses 45 mil detidos foram presos mais de uma vez”.
O capitão afirma que esses criminosos reincidentes podem acabar matando alguém em um roubo. “Você pega um cara roubando um dia, é preso. Ele é solto. Uma hora pode ser que aconteça que esse cara mate num assalto”.
Cabral afirmou que a corporação está “muito preocupada” com o índice de PMs mortos neste tipo de crime, causado pelo “recrudescimento da criminalidade”. Segundo ele, a maioria dos PMs também mora na zona leste.
A secretaria afirma que as delegacias solucionaram 27% dos crimes, sem citar o período. A pasta afirma que o DEIC (Departamento Estadual de Investigações Criminais) está investigando as mortes do policial Milton de Oliveira Fraga e do dono de bar, José Reginaldo Barbosa.
roubando. Ele é solto. Uma hora pode ser ele mate num assalto