Ocupação da Palestina é projeto nacional israelense
DIRETOR DE ONG QUE CONTESTA ASSENTAMENTOS DIZ QUE SÓ AÇÃO INTERNACIONAL PODE DEVOLVER AUTONOMIA A PALESTINOS
dir fazer algo. Aí é onde entra a ação internacional. Para mostrar ao público que, sim, precisa-se tomar uma decisão. Que argumento seria convincente para esse público?
Um dos aspectos singulares dessa realidade é sua natureza não democrática. Incomoda que, ainda que milhões de palestinos não participem do processo político, Israel integre o clube da democracia.
Israelenses precisam decidir se vão continuar a oprimir os palestinos ou ser uma democracia. Não deveriam poder ser ambos. A política israelense está cada vez mais extrema?
Sim. Parte da restrição que havia em Israel estava relacionada à política americana. Não é que eu queira embelezar os oito anos da administração Obama, mas ele tinha sucesso em fazer com que [a estratégia de Israel para fixar assentamentos em território palestino] não fosse tão ruim quanto poderia ser.
Hoje, com menos atenção do governo de Donald Trump aos assentamentos, o governo israelense entende haver um “sinal verde” para ir adiante. A situação é agravada pelo governo Netanyahu?
É importante lembrar que a ocupação não foi inventada por Netanyahu. Alguns assentamentos foram construídos pela esquerda. Todos os governos, de direita, centro ou esquerda, fizeram parte desse projeto nacional israelense. O problema é mais social do que político?
Uma coisa interessante que vemos em nossas pesquisas é que os israelenses têm bastante informação sobre a ocupação. Não são especialistas em direitos humanos, mas entendem que Israel está controlando a vida de milhões de palestinos. Você se dá conta, com isso, de que o conhecimento em si não leva a mudanças.
Digo a pessoas que palestinos e israelenses são julgados por tribunais diferentes, e me perguntam: “Qual é o problema?”. Você tem que voltar a conceitos básicos, como a igualdade perante a lei.